Média de 19 vítimas de violência doméstica telefonam diariamente para a linha verde

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A maioria das vítimas é alvo de violência há mais de dois anos e não apresenta queixa nem denuncia a situação Miguel Silva

No primeiro semestre deste ano o Serviço de Informação a Vítimas de Violência Doméstica atendeu diariamente, e em média, 19 vítimas de violência doméstica, sobretudo mulheres entre os 25 e os 44 anos, alvo de violência física e psicológica dos cônjuges.

Cerca de 3500 vítimas de violência doméstica foram apoiadas pela linha telefónica de informação. O Serviço de Informação a Vítimas de Violência Doméstica (SIVVD) funciona 24 horas por dia, sete dias por semana e é anónimo. Entre as 09h00 e as 17h30, dos dias úteis, o atendimento está a cargo da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM), sendo o restante horário assegurado pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), explica a Lusa.

Cônjuge é frequentemente dependente do álcool ou de estupefacientes

De acordo com os dados dos primeiros seis meses de 2001, elaborados, em separado, por ambos os organismos, e a que a agência Lusa teve acesso, 93,8 por cento das chamadas foram realizadas por mulheres, das quais 63,8 por cento casadas.A violência física/psicológica é a mais referida (60,75 por cento), sendo o agressor, na maioria dos casos, o cônjuge ou o companheiro, muitas vezes dependente do álcool ou de estupefacientes.
A maioria das vítimas é alvo de violência há mais de dois anos e não apresenta queixa nem denuncia a situação.
Ainda segundo a CIDM, a Estremadura e o Douro Litoral são as regiões de origem da maioria das chamadas telefónicas, enquanto de acordo com a APAV, os distritos com maior número de telefonemas realizados são Lisboa, Porto e Aveiro, por esta ordem.
Em 72,3 por cento dos casos é a própria vítima que liga para a linha verde. Também os familiares e os amigos da vítima procuram o serviço de informações.
Relativamente à profissão do agressor, a maioria é de operários ou artífices, trabalhadores não qualificados, desempregados e quadros superiores, designadamente, directores de empresas.
Quanto às vítimas, são sobretudo trabalhadores não qualificados dos serviços e comércios, desempregados, profissionais de nível intermédio, empregados de escritório e directores de empresas.

Secretária de Estado para a Igualdade fala em cuidar do agressor e não só da vítima

A secretária de Estado para a Igualdade, Maria do Céu Cunha Rego, sublinhou à agência Lusa que em causa está a "criação de condições para a diminuição da agressividade e da violência". A governante, que estabeleceu como a sua prioridade a Igualdade entre homens e mulheres, salienta que "a igualdade combate a violência" e que se impõe a necessidade de cuidar "não só da vítima mas também do agressor".

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