Marcha no Porto pelos refugiados também mobilizou foliões de Cabo Verde

Protesto europeu pela defesa dos direitos dos refugiados frente à Câmara Municipal do Porto, aconteceu também noutras cidades da Europa..

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Miguel Manso

Um grupo de foliões de Cabo Verde e alguns refugiados do Paquistão e Afeganistão juntaram-se neste domingo ao movimento Marcha Europeia pelos Direitos dos Refugiados que se concentrou no Porto para denunciar a lenta recolocação dos migrantes.

"Queremos viver sem fugir", "Fechar fronteiras é desumano, bem-vindos refugiados", "Direito de asilo é direito humano", "Querer ser livre é também querer livres os outros", "Direitos humanos já", "Passagem livre já", "nenhum ser humano é ilegal" ou "Somos povo solidário, bem-vindos refugiados" eram as palavras de ordem que podiam ser lidas nos cartazes espalhados esta tarde à frente da Câmara Municipal do Porto.

Tita Alvarez, um dos elementos da organização da Marcha Europeia pelos Direitos dos Refugiados, em Portugal, explicou que um dos objectivos da concentração, em várias cidades europeias, prende-se com o facto de os refugiados estarem a ser recolocados "muito lentamente" e de, no caso dos recolocados, estes estarem "a ser mal encaminhados", porque "não têm as condições mínimas para sobreviver", designadamente direito à saúde.

Segundo dados daquele movimento, em 2015 a União Europeia anunciou que iria acolher, nos seus Estados-membros 60 mil pessoas até Março de 2016, mas, até ao momento, foram recolocadas "apenas cerca de dez mil refugiados", segundo números citados pelas organizações promotoras da marcha.

Exemplo da "má recolocação dos refugiados" são dois jovens, um oriundo do Paquistão e outro do Afeganistão, que estavam na concentração do Porto e que "fugiram dos Talibãs" e "da morte", e estão agora em Portugal sem ajuda estatal, apenas a viver de apoio solidário, conta Tita Alvarez.

Algumas dezenas de pessoas juntaram-se aos organizadores da Marcha Europeia pelos Direitos dos Refugiados, no Porto, destacando-se um grupo de dança tradicional da Ilha de São Vicente, de Cabo Verde, que se apresentou em jeito de corso carnavalesco.

Elementos do Núcleo Antifascista do Porto, um grupo de cidadãos portugueses sem filiação partidária, que têm por objectivo "neutralizar o fascismo e racismo na cidade do Porto", também se juntou à Marcha Europeia, que se realiza pelo segundo ano consecutivo.

Helena Castro, outra cidadã portuguesa da Marcha Europeia pelos Direitos Humanos disse por seu lado que Portugal apenas está a "receber famílias sírias com filhos menores", mas "metade dos pedidos de asilo que chegam ao Ministério da Administração Interna são na maioria de homens solteiros".

Uma das reivindicações da Marcha Europeia é que Portugal adopte as regras que estão a ser praticadas em França. "Têm de ser alteradas as regras de asilo em Portugal. Queremos que a medida francesa, que permite que os pedidos de asilo sejam feitos em postos consulares e embaixadas [seja adoptada], porque o que está em vigor em Portugal é que os refugiados têm de estar em Portugal para pedir asilo", argumentou Helena Castro.

A chuva e o frio podem ser uma das causas que afastou pessoas de se juntarem ao protesto, no Porto, mas Tita Alvarez explica que a principal causa da fraca adesão se prende com o facto de "Portugal ainda não estar sensibilizado para a causa dos refugiados, que estão a viver infernos em campos com condições desumanas".

Uma acção idêntica estava prevista para o centro da cidade de Lisboa, mas como a agência Lusa verificou no local, não teve qualquer adesão. No ano passado mais de 120 cidades de 32 países de todo o mundo participaram na marcha Europeia pelos Direitos dos Refugiados. 

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