Mais de 90 por cento das praias portuguesas têm uma excelente qualidade da água

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A Aguda, em Vila Nova de Gaia, é uma das “praias de ouro” Pedro Cunha

Este Verão, 92 por cento das praias do país têm uma qualidade de água excelente e 286 receberam da Quercus o galardão de qualidade de ouro pela sua consistência. Ainda assim, fábricas e esgotos urbanos mal tratados são pontos negros nesta fotografia.

Com o aproximar da época balnear repete-se a pergunta. Todos os anos “recebemos telefonemas de infantários e de várias pessoas a perguntar o que é que a Quercus acha desta ou daquela praia”, contou Francisco Ferreira, dirigente da associação ambientalista e um dos responsáveis pela classificação da qualidade da água de todas as praias portuguesas, no litoral e no interior. Há já sete anos que a associação lança esta lista da qualidade da água balnear.

A Quercus olhou para as 515 zonas balneares e classificou, com base nos dados do Instituto da Água, 447 como excelentes (correspondendo a 92 por cento), 32 boas, sete aceitáveis e uma má, foi revelado hoje, dia da abertura da época balnear na maioria das praias.

As zonas mais consistentes, com um histórico de qualidade nos últimos cinco anos, recebem a distinção de praia com qualidade de ouro. Este ano a lista tem 286 praias, mais 17 do que em 2010. “Neste caso olhamos para a forma como a praia se tem comportado ao longo dos últimos cinco anos”, explica Francisco Ferreira.

Os concelhos com mais “praias de ouro” são Albufeira (com 18, entre as quais as praias da Oura, Falésia, Galé ou Salgados), Almada (como as praias Morena, Cabana do Pescador, Rei e Rainha) e Vila Nova de Gaia (ambas com 15) – neste concelho com as praias da Aguda, Francelos, Miramar, Granja, entre outras -, Torres Vedras e Vila do Bispo (dez). Proença-a-Nova é o concelho com maior número de praias interiores com esta distinção (Fróia e Malhadal).

“É interessante ver que muitos municípios, regiões de turismo e concessionários mostram o interesse em colocar esta bandeira na sua praia”, comentou o especialista. “Pode ser mais um estímulo”. Para ter qualidade de ouro, uma zona balnear precisou de ter boa qualidade de 2006 a 2009 e excelente em 2010, com análises excelentes.

Mas esta fotografia das praias do país ainda tem alguns pontos negros, causados por indústrias, agro-pecuárias e esgotos urbanos. Actualmente, “os problemas com a qualidade de água das nossas praias dizem respeito a praias litorais próximas de ribeiras que trazem poluição e praias interiores com menor caudal e que recebam esgotos urbanos mal tratados ou sem tratamento”, explicou Francisco Ferreira.

Na verdade, a qualidade da água é pior nas praias interiores do que nas do litoral, apesar de a única má ser costeira (Praia do “Castelo do Queijo”, Porto). “Enquanto 95 por cento das praias costeiras ou de transição têm classificação excelente, no que respeita às águas interiores essa percentagem desce para 75 por cento”, informa a Quercus em comunicado.

Ainda assim, o ambientalista reconhece que “tem havido um esforço”, traduzido em “legislação mais apertada e na melhoria do saneamento básico”.

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