Mais de 14 mil passageiros afectados pelos voos cancelados na Madeira

O fim-de-semana foi o período mais problemático no Aeroporto da Madeira. Das 15 mil pessoas afectadas (por entre atrasos e cancelamentos dos voos de partida e de chegada), só 300 pernoitaram no aeroporto. Vários desportistas foram também afectados.

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O presidente do Governo regional considera que estas ocorrências são mais notórias por haver "um aumento exponencial" de voos para o Aeroporto da Madeira — Cristiano Ronaldo Rui Gaudencio

O vento forte que está a condicionar o aeroporto da Madeira desde sexta-feira levou ao cancelamento de 101 voos e afectou cerca de 14.700 passageiros, informou nesta segunda-feira a ANA – Aeroportos de Portugal num comunicado enviado à Lusa. Estes constrangimentos acontecem numa altura em que a costa Sul da ilha da Madeira está sob aviso amarelo (o terceiro mais grave) até ao final do dia de terça-feira, devido ao tempo quente e vento forte.

Excluindo esta segunda-feira, houve 101 voos cancelados (chegadas e partidas) ao longo do fim-de-semana: dois na sexta-feira, 29 no sábado e 70 no domingo. "Já hoje [segunda], verificou-se uma situação de acalmia nas condições de vento, aproximadamente entre as 10h e as 12h, facto que possibilitou 11 movimentos de aterragem cujas respectivas partidas já se iniciaram", acrescenta a nota emitida pela gestora aeroportuária.

No site da ANA – Aeroportos de Portugal registam-se vários atrasos e contava-se, às 18h45, pelo menos 33 voos cancelados: 19 que partiriam do aeroporto (com destino a Lisboa, Paris e Madrid, por exemplo) e 14 que chegariam ao arquipélago a partir de cidades como Lisboa, Porto, Ponta Delgada, Paris ou Praga.

A protecção dos passageiros, lê-se na nota, "cabe às respectivas companhias", tendo a direcção do Aeroporto da Madeira — Cristiano Ronaldo reunido com as várias estruturas e concessionários de restauração na aerogare "com o intuito de mitigar os incómodos e desconfortos que se previam para os passageiros".

O objectivo foi "obter a colaboração" dos concessionários de restauração "no alargamento do horário de funcionamento e reforço dos stocks, tendo este pedido obtido total colaboração". A nota conclui que, "ainda com o mesmo objectivo, adquiriu colchões e mantas — em quantidade limitada pelos stocks do comércio da ilha — que disponibilizou, preferencialmente, a idosos e crianças".

Ainda assim, o secretário da Economia, Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, referiu que apenas 300 pessoas de todas as afectadas pernoitaram no aeroporto nas últimas duas noites, o que significa que "houve uma grande interacção com os hotéis da Madeira, que voltaram a acolher esses mesmos estrangeiros". O presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, referiu que o Governo Regional estava a trabalhar, em articulação com a ANA, para “melhorar o conforto” dos passageiros afectados.

Aumento do número de voos e alterações climáticas potenciam efeitos

"Hoje estamos numa circunstância diferente daquela que aconteceu ontem [domingo]. O aeroporto está operacional", tendo conseguido aterrar mais de sete aeronaves, além da ligação ao Porto Santo, declarou Eduardo Jesus, que se deslocou esta segunda-feira ao aeroporto. O governante salientou que domingo foi um dia marcado pela "inoperacionalidade", porque o "vento não permitiu a operação". O comunicado emitido pela ANA explica que estas condições meteorológicas adversas são propícias a constrangimentos nas operações do aeroporto.

O presidente do Governo da Madeira considerou ainda que a ocorrência cada vez mais regular de ventos fortes na zona do aeroporto deriva das alterações climáticas, mas também diz que se tornou mais notória devido ao "aumento exponencial" do número de voos.

"Neste momento, estamos com mais de 395 voos por semana no Aeroporto da Madeira e isso faz com que os impactos sejam maiores", afirmou Miguel Albuquerque, vincando que "contra o tempo não há Governo nenhum que possa desenvolver acções". Ainda assim, o chefe do executivo insular complementou que, para minimizar o desconforto provocado aos passageiros, o Governo está a "articular com a ANA, que tem essa responsabilidade", ajudando nas ligações com "alguns dos colegas locais".

Paços de Ferreira foi de barco para a Madeira

Entre os afectados estão vários desportistas. No aeroporto mantêm-se passageiros desde domingo, entre os quais algumas equipas que estiveram a participar no Rali Vinho Madeira que acabou no sábado, dia 5 de Agosto, mas que os ventos insistem em manter em terra. Retida na Madeira está também a equipa de futebol do Penafiel, que no domingo jogou com Nacional para a II Liga, tendo ficado "hospedada" nas instalações do Nacional por sugestão do próprio clube, estando lá a fazer os treinos, disse fonte do clube.

Já a delegação do Paços de Ferreira que inicia nesta terça-feira a sua participação na I Liga de futebol ao defrontar o Marítimo rumou à Ilha da Madeira de barco, a partir de Porto Santo. A comitiva pacense viajou de avião do Porto para Porto Santo, destino remarcado pela companhia devido às condições adversas, e rumou ao Funchal no navio Lobo Marinho, uma viagem que dura aproximadamente 02h30. "Está tudo tranquilo e o pessoal, até pelos contornos da viagem, está animado", disse à agência Lusa o secretário-técnico do Paços, Paulo Gonçalves.

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