Livraste-te de boa

Em inglês a aliteração é mais difícil de resistir. Sabe bem dizer - de tanta gente - Good riddance to that blithe, bumptious bastard.

Há expressões inglesas que fazem falta em português, a começar por aquelas que são impossíveis de traduzir e a continuar com aquelas que foram inventadas por Shakespeare.

Good riddance, por exemplo. Diz-se quando se sabe que se vai (ou foi) embora uma pessoa ou uma coisa de que não se gosta. É uma boa erradicação; sabe bem vermo-nos livres dela. Como se diria em português escorreito?

A versão mais moderna é good riddance to bad rubbish mas as três palavras acrescentadas não só são desnecessárias como tiram força. Despedirmo-nos do lixo mau é apenas uma parte óbvia e pequena da experiência. Não é só o lixo bom que sobra: é também o dito tesouro que, quanto mais depressa desaparecer, melhor.

A circunstância de um bom good riddance é quando alguém diz que é pena que X se tenha ido embora, porque era tão boa pessoa e vai fazer tanta falta. É aí que calha bem um rápido good riddance!, com ponto de exclamação e tudo.

Uma palavra maravilhosa é bumptious: diz-se de um narcisista irritantemente seguro, barulhento e ostensivo que só sabe falar de si próprio. Uma possível etimologia é vir da palavra onomatopaica bump.

Também o antiquíssimo blithe se usa para descrever quem se mostra descaradamente indiferente aos outros. Pode ser por arrogância e insensibilidade mas também pode ser por frívola leviandade, como na peça Blithe Spirit de Noel Coward.

Em inglês a aliteração é mais difícil de resistir. Sabe bem dizer – de tanta gente – Good riddance to that blithe, bumptious bastard.

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