Cinco sugestões de leitura: da feminista antifeminista às fotos escondidas aos nazis

Cinco jornalistas do PÚBLICO deixam cinco sugestões, que incluem vídeos e ilustrações. Quatro delas assinalam o Dia da Mulher, outra recua mais de meio século para encontrar fotos enterradas num campo nazi.

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Uma das fotos resgatadas nos campos nazis DR
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Uma das ilustrações publicadas na revista Babar (Benjamin Lacombe, Edelvives)

 

A feminista mais antifeminista

New York

 

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Paula Barreiros, editora do P2

Camille Paglia não será uma voz consensual entre os maiores defensores das temáticas feministas – já foi mesmo apelidada de “a feminista mais antifeminista”, como a jornalista Molly Fischer nos recorda neste “almoço” com a académica e que é um dos temas da edição de 6 de Março  da revista New York. Prestes a fazer 70 anos e a publicar o livro Free Women, Free Man (colectânea de ensaios editada pela Pantheon), Paglia volta aos anos noventa para recordar o quanto a sua artilharia antiliberal lhe vale agora para percebermos “a era Trump”. Ler

Desenterrar a Resistência

The Washington Post

 

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Patrícia Carvalho, jornalista do Local

O diário norte-americano The Washington Post recuperou uma daquelas histórias imperdíveis, que misturam fotografias antigas recuperadas depois de terem sido enterradas como um tesouro, por quem as tirou, com risco para a própria vida, durante a II Guerra Mundial. O autor das imagens é o fotógrafo polaco e judeu Henryk Ross (1910-1991) que, forçado a trabalhar pelos ocupantes nazis para o Conselho Judaico, registando imagens propagandísticas e as fotografias de identificação dos judeus que, com ele, partilhavam o dia-a-dia no gueto de Lodz, na Polónia ocupada, desenvolveu um trabalho paralelo e clandestino de denúncia do que verdadeiramente ali se passava. Em 1944, antes de os últimos residentes do gueto serem deportados para Auschwitz, Ross enterrou os negativos, na expectativa de um dia poderem ser recuperados. Após a libertação da Polónia pelas forças Aliadas, em 1945, Ross regressou para descobrir que mais de metade dos seis mil negativos que ali deixara, estavam intactos. Uma pequena amostra dessas imagens pode ser vista aqui. Se sentir a curiosidade crescer, faça uma visita aqui, onde está o arquivo geral da luta particular de resistência deste fotógrafo.

Barreiras

Libération

 

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Teresa Firmino, editora de Ciência

Seria bom sinal que datas como o Dia Internacional da Mulher já não precisassem de existir, já não fizessem sequer sentido, porque as diferenças entre mulheres e homens, e a diversidade da espécie humana, não serviriam para discriminações. Mas uma pequena notícia no jornal francês Libération, de há alguns dias, vêm-nos lembrar que ainda há locais onde o mais natural do corpo de uma mulher – a menstruação – é motivo para discriminações ancoradas em superstições. No Oeste do Nepal, perdura uma tradição (chamada chhaupadi) em que as mulheres são consideradas impuras durante a menstruação. São banidas das suas casas, para ficarem em cabanas “menstruais” sem condições e ao frio, e não podem tocar na comida destinada aos outros nem nos homens ou no gado que costumam tratar. Mesmo em Katmandu, em três habitações, entre quatro, pratica-se esta tradição. “Oficialmente, a chhaupadi está proibida há uma década, mas a prática mantém-se debaixo do nariz das autoridades”, escreve o Libération. Ler

As raparigas da revolução

Institute for War & Peace Reporting

 

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Sofia Lorena, jornalista do Mundo

O Institute for War & Peace Reporting é uma rede internacional que apoia o jornalismo em países que atravessam conflitos e crises. A propósito do Dia Internacional da Mulher e do tema escolhido para o assinalar este ano – Be Bold For Change –, o IWPR divulga três reportagens em vídeo da síria Zaina Erhaim: ao todo, são 20 minutos em que acompanhamos parte do quotidiano das activistas Ahed, Zein e Ghalia, três jovens corajosas que recusam desistir dos seus sonhos e do seu país. “Eu sou uma das raparigas da revolução”, diz-nos Zein, a lembrar-nos como tudo começou na Síria, há exactamente seis anos, antes da destruição e da tragédia. Ver

Ilustrações no feminino

Babar

 

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Rita Pimenta, copydesk, jornalista

A Babar, uma revista espanhola online dedicada aos livros para a infância e juventude, mostra neste 8 de Março imagens de 30 ilustradores (15 mulheres e 15 homens) criadas para personagens femininas. Das clássicas às menos clássicas, podem ver-se retratos do Capuchinho Vermelho e da Branca de Neve, mas também da Pipi das Meias Altas e da porquinha Olivia. Em expressões plásticas diferentes e de grande criatividade. A revista Babar congratula-se com a evolução dos papéis femininos nas histórias infantis contemporâneas. Nós também. As personagens já não se limitam a ser princesas, madrastas e bruxas. Ver

Já viu isto?” é uma rubrica semanal com sugestões da redacção do PÚBLICO para trabalhos jornalísticos de outros media

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