Já saíram nove obstetras do Hospital de Garcia de Orta

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A administração nega que a saída de mais esta médica tenha a ver com descontentamento Nelson Garrido (arquivo)

Mais uma médica juntou-se ao grupo de oito médicos dos serviços de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Garcia de Orta, em Almada, que decidiram sair do hospital, o que poderá deixar as urgências com dificuldades em funcionamento. A administração afirma que as escalas estão asseguradas até ao final de Junho, mas, depois disso, poderá haver necessidade de, em alguns dias, vir a accionar o plano de contingência, encaminhado os doentes para outras unidades, explicou o porta-voz do hospital, Nuno Crespo.

A administração nega que a saída de mais esta médica tenha a ver com descontentamento, referindo tratar-se de "uma decisão pessoal" tomada devido às alterações na atribuição das reformas. De um conjunto de 23 médicos tinham saído oito, na sua grande recrutados pelo Hospital de Cascais, uma unidade pública com gestão privada que ofereceu aos médicos mais do dobro do que ganhavam. Junta-se a este grupo mais uma médica, que sai com reforma antecipada.

Alcides Pereira, obstetra do Garcia de Orta durante 20 anos, e que no mês passado pediu exoneração da função pública, afirma que os médicos não saem por causa dos salários. "É um problema de falta de liderança do serviço e do hospital. Gerir um hospital não é gerir orçamentos, mas sim gestão de pessoas". O clínico acredita que, face às condições actuais na unidade, "haverá mais médicos a sair". Aos 53 anos, ainda sem idade para se reformar, a sua saída representou "um grito de alma". Na sua carta de exoneração denunciou "a contratação de médicos nas urgências sem certificação para trabalhar em Portugal".

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