Isto é um suponhamos

Suponhamos que a história da Terra, com 4,5 mil milhões de anos, não está cheia de cataclismos climáticos ocorridos ainda antes de aparecer o Homem. E que, depois do aparecimento do Homem, a história da Terra não está cheia de cataclismos climáticos ainda antes da Revolução Industrial.

Esqueçamos também que há mil anos a Terra era mais quente do que é hoje, no Período Quente Medieval. Ou que, há 350 anos, era mais fria, na Pequena Idade do Gelo. Ignoremos, novamente, que isto se passou antes de termos fábricas e tal.

Finjamos que esta forma de me dirigir aos leitores não é extraordinariamente irritante.

Imaginemos que os modelos de computador passam a acertar nos cenários previstos e os aumentos de temperatura que profetizam acontecem mesmo. Por exemplo, fabulemos que, tal como Al Gore anunciou na fita A Verdade Inconveniente, estou a escrever este texto com água até à cintura.

Admitamos que o facto de uma pessoa de 50 anos dizer: “Iiiii! Não me lembro de um verão tão quente!” pode contar como observação científica válida.

Fantasiemos que o CO2 é um poluente e não um gás imprescindível para a vida. E, já agora, presumamos que é o gás de efeito de estufa mais abundante, omitindo que 95% do efeito de estufa é vapor de água, enquanto apenas 3,618% é CO2. E acreditemos que, de todo o CO2 na atmosfera, a maior parte é emitido por actividades humanas, em vez de ser apenas 3,207%, sendo os restantes 96,793% oriundos de emissões de origem natural. Ou seja, olvidemos que o CO2 de origem humana perfaz 0,117% do total dos gases de efeito de estufa.

Concebamos que há mesmo uma relação directa entre o aumento do CO2 na atmosfera e as temperaturas, apesar de o CO2 continuar a aumentar e as temperaturas estarem estacionárias há 18 anos. Para isso, simulemos que o Sol, as nuvens e uma data de outros factores não têm nada que ver com o clima.

E creiamos que, se pararmos imediatamente de consumir CO2 (e, quando acabar a bateria do seu iPad, der por si a viver no Neolítico) ao mesmo tempo que um aspirador alado do tamanho do Mali sugar da atmosfera todo o CO2 que existe neste preciso momento, o desaparecimento desses 0,117% vai influenciar o clima.

Mas estimemos que isso já vem tarde e que, subitamente, todo o gelo do mundo derrete. Todo. Desde o do Árctico ao dos frigoríficos, passando pelo que rodeia o coração das pessoas que não gostam de vídeos do YouTube em que um animal amamenta uma cria de outra espécie. Segue-se megatsunami.

Considerando isto tudo, não será melhor, quando a Protecção Civil ordenar: “Metam-se nos carros e fujam para a montanha!”, não termos de responder: “Como, se a gasolina está a 6 mil euros o litro, pá?”

É como se Deus tivesse dito ao Noé: “Vou inundar isto, de maneira que constrói uma arca de madeiras resinosas e calafeta-a com betume. Ah, é verdade! Para ser mais giro, fiz desaparecer toda a madeira resinosa e todo o betume! Se fosse a ti, começava a ensinar os animais a nadar…”

Entretanto, no Peru, houve mais um Congresso Mundial para a Validação da Fiscalidade Verde do ministro Moreira da Silva. Ele que vá treinando agachamentos. Se vier o tsunami, vai ter de me carregar às cavalitas até ao cimo de Monsanto.

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