Inspectora da PJ acusada de matar avó do marido reafirma inocência

Ministério Público sustenta que Ana Saltão é autora dos disparos. Repetição do julgamento arrancou ontem no Tribunal de Coimbra.

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Ana Saltão é inspectora da PJ do Porto Fábio Augusto

No início da repetição do julgamento, a inspectora da Polícia Judiciária do Porto, Ana Saltão, acusada de matar a avó do marido voltou a dizer que está inocente e o Ministério Público (MP) voltou a insistir na tese da autoria do homicídio.

Filomena Alves, com 80 anos, foi assassinada na sua residência na Conchada, em Coimbra, com mais de 10 disparos, na tarde de 21 de Novembro de 2012. A inspectora foi absolvida em primeira instância e condenada depois pela Relação de Coimbra, a mesma instância que depois do Supremo Tribunal de Justiça ter anulado a decisão ordenou a repetição do julgamento, que arrancou nesta segunda-feira no Tribunal de Coimbra.

As questões do procurador do Ministério Público, Jorge Leitão, começaram por incidir sobre detalhes relacionados com o património da vítima, com o nível de vida do casal, com a localização da arma. O MP sustenta que o móbil do crime seriam dificuldades económicas do casal, sendo que Ana Saltão e o marido - também inspector na PJ - estariam a pagar um empréstimo de 1500 euros à vítima.

A inspectora, que à data do crime tinha 37 anos, referiu que o rendimento líquido do casal era de 3000 euros e que 500 euros do empréstimo já teriam sido liquidados. “Não tínhamos dificuldades económicas”, afirmou a inspectora, que ironizou sobre ter que “matar uma data de gente” para ficar com o dinheiro. “Não éramos herdeiros directos”, referiu.

Queimou-se enquanto cozinhava uma omolete de espargos

O MP apontou ainda para uma queimadura na mão de Ana Saltão como indício da autoria dos disparos. Por seu lado, Ana Saltão garantiu que o ferimento não é consequência de um disparo de arma, mas sim fruto de uma queimadura sofrida enquanto cozinhava uma omelete de espargos no dia 19 de Novembro, data de aniversário de casamento.

A meio da sessão, a inspectora empunhou e manuseou a Glock – a arma de serviço da PJ à data - primeiro em frente ao colectivo de juízes e depois em frente aos quatro jurados. A advogada de defesa, Mónica Quintela, procurou demonstrar que “não há possibilidade de [a arma] fazer ferimento”, sendo que “o coice é levezinho”.

O procurador Jorge Leitão contrapôs que a demonstração encenada na sala do tribunal não permite replicar os “14 tiros consecutivos, em que a arma pode desposicionar-se”. Mónica Quintela afirmou ainda que “este processo destruiu-lhe completamente a vida”, tendo também realçado a postura colaborante com a investigação, referindo que Ana Saltão, quando se apercebeu que estava sob suspeita, entregou a roupa que vestia no dia 21, bem como os telemóveis. 

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