Infarmed investiga venda de medicamentos contra acidez gástrica

O aumento da venda destes fármacos em 2016 fez com que a Autoridade Nacional para o Medicamento lançasse uma campanha para a consciencialização das consequências da toma prolongada.

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Os medicamentos conhecidos como inibidores bomba de protões não devem ser usados mais que duas semanas sem interrupções asm ADRIANO MIRANDA

O Infarmed verificou um aumento nas vendas de medicamentos para a acidez gástrica não sujeitos a receita médica em 2016, ano em que foram vendidas 138 mil embalagens. A Autoridade Nacional para o Medicamento vai investigar as causas deste aumento e lança, nesta quarta-feira, uma campanha para alertar os utentes para os efeitos adversos da utilização continuada deste fármaco.

Em entrevista à TSF, o presidente do Infarmed, Henrique Luz Rodrigues, dá conta de um aumento na ordem dos 62% da venda de medicamentos como o omeprazol para a azia. Entre 2010 e 2014, o número baixou para metade, mas em 2016 voltou a subir: de 85 mil embalagens vendidas em 2015 passou-se para 138 mil.

Henrique Luz Rodrigues afirma que a culpa pode ser do marketing. “Provavelmente será o efeito do marketing farmacêutico. Isto é o efeito de medicamentos não sujeitos a receita médica”, disse à TSF. A campanha lançada nesta quarta-feira pela Autoridade Nacional para o Medicamento pretende consciencializar os utentes para os efeitos adversos deste fármaco, "particularmente quando tomado durante meses e anos”. As consequências da toma continuada podem ser o aumento do risco de fracturas ósseas, o agravamento de infecções gastrointestinais e a camuflagem de outras doenças, potencialmente mais graves.

A investigação vai passar por perceber de que forma é que estes fármacos são publicitados nas farmácias. “A publicidade, a ser feita, deve ser uma que seja orientadora para a utilização dos medicamentos”, afirma Henrique Luz Rodrigues. Salvaguarda que o medicamento é de venda livre e não está sujeito a receita médica porque é “suficientemente seguro para ser utilizado” mas importa que o utente tenha “consciência dos riscos que corre se o utilizar para lá das indicações terapêuticas”

Refere ainda que os medicamentos conhecidos como inibidores bomba de protões e que contêm omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, dexlansoprazol e esomeprazol não devem ser usados mais que duas semanas sem interrupções. Se os sintomas persistirem, os consumidores devem procurar um médico e interromper a medicação. Lembra, ainda, que há alternativas de venda livre a este medicamento para o problema da azia, como os antiácidos. 

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