Incêndio de Mação continua a avançar de forma descontrolada

Aldeia e praia fluvial de Gavião foram evacuadas devido às chamas. Câmara activo Plano Municipal de Emergência.

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Nesta sexta-feira registaram-se mais de 90 incêndios Mario Lopes Pereira

Ao princípio da noite desta sexta-feira, o incêndio que lavra em Mação, distrito de Santarém, desde terça-feira à noite,continuava activo de forma descontrolada. Este era um dos quatro incêndios que suscitavam maiores preocupações, segundo indicou a adjunta de operações da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), Patrícia Gaspar. Durante a tarde foram evacuadas uma aldeia e uma praia fluvial no concelho de Gavião, distrito de Portalegre

Os outros incêndios eram os de Gavião (Portalegre), Vieira do Minho (Braga) e Gouveia (Guarda). A mesma responsável indicou que estes quatro fogos estiveram a ser combatidos por 1234 operacionais, apoiados por 371 veículos e 18 meios aéreos. Entre as 0h e as 20h30 desta sexta-feira registaram-se 97 incêndios, dos quais oito ainda estavam activos.

A porta-voz da ANPC adiantou que, em termos de reforço de meios operacionais no combate aos fogos florestais, se confirmou nesta sexta-feira "a vinda de três helicópteros Super Puma, da Suíça, que, à partida, poderão começar a operar já no próximo domingo".

A23 reaberta

Por causa do incêndio no distrito de Santarém, a Auto-estrada da Beira Interior (A23) foi cortada nesta sexta-feira, pelas 13h55, entre o nó de Mouriscas e o nó de Mação, mas ao princípio da noite já estava reaberta.

Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém indicou que, ao princípio da noite, "o incêndio de Mação continuava descontrolado". "Entrou com muita violência em Gavião, já em Portalegre, saltou o rio Tejo e está na zona sul em direcção à vila alentejana, onde foi evacuada a aldeia de Cadafaz, e continuam a oferecer grande preocupação as aldeias de Ortiga, em Mação, e de Mouriscas, em Abrantes, onde as chamas continuam incontroláveis.”

A mesma fonte sublinhou que este incêndio teve origem em Alvaiázere, no distrito de Leiria, e já percorreu os distritos de Santarém, Castelo Branco e Portalegre, num total de cerca de 80 quilómetros. "O vento sopra com grande violência, há muitos reacendimentos, e já houve uma projecção que saltou para Alagoas, localidade de Casa Branca", na União de Freguesias de Alvega e Concavada, na zona sul do concelho de Abrantes.

Segundo o presidente da Câmara de Gavião, José Pio, toda aldeia do Cadafaz foi evacuada, “à excepção dos que nem a GNR conseguiu tirar”. Evacuada foi também a praia fluvial do Alamal, junto ao rio Tejo. A praia estava na altura "cheia de gente", tendo as pessoas sido aconselhadas a ir para o centro da vila de Gavião.

 A Câmara de Gavião decidiu esta noite activar o Plano de Emergência Municipal. De acordo com o presidente da Câmara, José Pio, o Plano de Emergência Municipal foi accionado cerca das 20H00, uma vez que o incêndio "chegou mesmo às casas" em Belver, "contornou" a vila de Gavião e dirige-se nesta altura em direção às aldeias de Degracia e Atalaia.

"O incêndio está muito violento, tem várias frentes ativas, não está fácil. Neste momento há populações em risco", disse.     

Situação "muito complicada"

Contactada pela Lusa, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, disse que a situação continua "muito complicada", tendo destacado "uma projecção já extinta em Alvega" e "reacendimentos em Entre Serras e Lercas, em Mouriscas".

Maria Teresa Dinis, presidente da junta de freguesia de Mouriscas, disse por sua vez, que a situação "esteve muito, muito difícil".  "As chamas andaram dentro da Herdade da Murteira, onde fica situada a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, e ameaçaram habitações, uma pousada e esteve também perto do depósito de gás."

Para o fim-de-semana é esperado um aumento de temperatura, levando a que muitas localidades estejam sob risco máximo de incêndio. Devido a esta situação, o Governo já declarou o estado de calamidade pública.

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