Incêndio de Mação, em Santarém, alastrou pelo distrito de Portalegre

Houve pelo menos 142 incêndios durante esta quinta-feira. Desde 11 de Agosto registaram-se 92 feridos, sete dos quais graves.

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Fogos foram combatidos por 2961 operacionais Mario Lopes Pereira

Ao princípio da noite desta quinta-feira, o incêndio em Mação, no distrito de Santarém, era o que continuava a suscitar maiores preocupações, segundo indicou a adjunta das operações da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Patrícia Gaspar, num ponto de situação feito às 19h.

Por essa altura, as chamas do incêndio de Mação, que estava a ser combatido por 1038 operacionais, já tinham alastrado pela freguesia de Belver, concelho de Gavião, distrito de Portalegre. "O incêndio veio do Rosmaninhal, em Mação, e entrou na freguesia de Belver com muita violência e está a dirigir-se para as aldeias de Arriacha Fundeira e Torres", disse à Lusa a presidente da junta de freguesia local, Martina Jesus.

"O vento está muito forte, a mudar sempre de direcção, e com grandes projecções das chamas", disse a autarca de Belver, freguesia que no final de Julho já havia sido atingida pelas chamas provenientes de um outro incêndio de Mação, e que devastou, então, "cerca de cinco mil hectares da freguesia, quase 80% do território". A adjunta de operações da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Patrícia Gaspar, confirmou-o: depois dos trabalhos de consolidação durante a manhã, com o apoio de sete máquinas de rasto, o aumento da temperatura e do vento originou "imensas reactivações" do fogo de Mação.

Desde a meia-noite até às 20h20 desta quinta-feira registaram-se 142 incêndios que foram combatidos por 2961 operacionais. Para além do incêndio de Mação, os fogos que suscitavam maiores preocupações eram os de Boticas (Vila Real), Resende e Castro Daire (Viseu), Horta (Aveiro), Ferreira do Zêzere (Santarém) e Amarante (Porto).

O registo de vítimas reportadas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica desde 11 de Agosto foi actualizado para "58 pessoas assistidas nos diferentes teatros de operações" e 92 feridos, 85 dos quais ligeiros e sete graves, adiantou a mesma porta-voz da ANPC. Durante esta quinta-feira registaram-se feridos ligeiros em Mação e em Resende, devido a inalação de fumo, e dois bombeiros sofreram ferimentos ligeiros no incêndio de Ferreira do Zêzere. Ninguém corre risco de vida.     

Devido aos fogos, tanto a A1 como a A23 estiveram encerradas. A A1 foi cortada nos dois sentidos entre Albergaria-a-Velha e Aveiro Sul. E na A23 o trânsito foi interrompido entre o nó de Mouriscas e o nó de Mação.

O incêndio de Boticas, que já tinha sido dado com praticamente dominado, voltou a reacender-se por volta das 12h43, estendendo-se por duas frentes activas. O presidente da câmara, Fernando Queiroga, indicou que o vento forte os acessos difíceis estavam a dificultar o combate ao fogo.

O presidente da Federação dos Bombeiros de Vila Real, José Pinheiro, indicou nesta quinta-feira que o número de incêndios na região ultrapassou as três dezenas nos últimos dias. O responsável referiu que o distrito "tem atravessado situações bastante complicadas um pouco por todo o lado", mas vincou que “os incêndios que deflagraram em Alijó e Sabrosa foram os mais preocupantes e os que causaram prejuízos mais avultados as suas populações".

Em Alijó, o fogo lavrou durante quase três dias, destruindo zonas de pinhal, vinha e olival e rodeando várias aldeias. Em Sabrosa, o incêndio aproximou-se de três aldeias praticamente ao mesmo tempo e destruiu uma casa de habitação, mais duas que não eram habitadas, e queimou cerca de 200 toneladas de lenha que abasteciam uma padaria, um tractor e diversa maquinaria.

"Infelizmente há ocorrências de difícil resolução e que atingem proporções alarmantes que resultam essencialmente da falta de acessos, ordenamento florestal, limpeza das florestas, êxodo rural e consequente abandono da agricultura, edificações degradadas, falta de limpeza em volta dos aglomerados urbanos", afirmou. "Apesar do elevado número de ignições, das condições meteorológicas adversas, a resposta por parte dos bombeiros tem sido bastante positivas, graças ao seu empenho, entrega, dedicação e espírito de sacrifício, que tem sido uma constante ao longo deste período", salientou.

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