A imagem de um grupo de bombeiros deitados na relva, exaustos, numa pausa no seu combate às chamas do incêndio de Pedrógão Grande, transformou-se num dos registos da tragédia mais partilhados. Inicialmente publicada pelo bombeiro Pedro Brás, a imagem foi partilhada pela página Respeito Pelos Bombeiros e rapidamente se tornou viral, ultrapassando as 70 mil partilhas. Esta terça-feira, a imagem chegou à imprensa internacional, que a utiliza para retratar o pesadelo que nestes dias têm consumido o país.

"Depois de uma noite e um dia a lutar contra o incêndio florestal em Góis também tivemos direito a 25 minutos de praia fluvial, mas encoberta de fumo", escreveu o bombeiro na sua página de Facebook, enquanto, ao fundo, as viaturas de combate aos incêndios eram reabastecidas de água.

A imagem está a ser partilhada pelo jornal espanhol El Mundo e pelo El País.

Chegou também ao Brasil, pelo jornal Folha de S. Paulo e Estadão.

Os comentários à publicação são essencialmente votos de solidariedade para com os “soldados da paz”, que arriscam as suas vidas em condições precárias e com falta de meios e apoio financeiro.

"Guerreiros" e "heróis", é assim que são descritos. Outros comentários destacam os “1,87 euros à hora” que recebem e "ainda assim, dão a vida por nós". Em Maio, os bombeiros haviam ameaçado fazer um boicote, caso o Governo não reforçasse o financiamento que lhes destinou.

À data, numa reunião com os bombeiros,  o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, sustentou, a propósito da directiva financeira deste ano, que enquadra o pagamento das despesas resultantes das intervenções dos corpos de bombeiros no combate aos incêndios, que cada bombeiro ganha 45 euros por dia, cerca de 1350 euros ao final do mês. Os cálculos, segundo os corpos de bombeiros de norte a sul do país, que para perfazer aquele montante mensal cada bombeiro teria de trabalhar 24 horas por dia durante 30 dias seguidos, o que é “humanamente impossível”, como escrevia o PÚBLICO em Maio.