Hospital do Algarve passa a centro universitário com outra administração

António Costa anunciou a decisão nesta segunda-feira. Servirá para atrair jovens médicos, mas também para resolver dificuldades de gestão do hospital. Vários directores demitiram-se contra actual administração.

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Centro hospitalar tem estado sob grande contestação interna VIRGILIO RODRIGUES

Como é que uma região onde tanta gente gosta de viver – e até passar férias - tem tanta dificuldade em atrair técnicos de saúde? A pergunta feita nesta segunda-feira pelo próprio primeiro-ministro, António Costa, em Faro, não tem resposta fácil, mas o chefe do governo deixou uma promessa de mudança de paradigma: “O Centro Hospitalar do Algarve (CHA) vai ser transformado em Centro Hospitalar Universitário”. O objectivo, disse, é criar condições para que os profissionais possam conjugar o exercício da medicina, com a investigação científica. “Uma oportunidade de formação, mas sobretudo de valorização das suas carreiras”, enfatizou.

Costa falou à margem da inauguração do novo terminal do aeroporto de Faro. As obras realizadas na infra-estrutura , no valor de 32,8 milhões de euros, permitem 30 movimentos por hora, em vez dos actuais 24 – o aeroporto de Lisboa tem 38 movimentos por hora. Por outro lado, a capacidade de embarque e desembarque do terminal sobe de 2400 para 3000 pessoas hora. 

Para liderar a nova estrutura hospitalar, que fará a ligação com o curso de medicina da Universidade do Algarve será indigitada, soube o PÚBLICO, Ana Paula Gonçalves, jurista reformada, antiga presidente do Conselho de Administração do Hospital de Faro. O número dois deverá ser Hugo Nunes, economista, quadro do Hospital de Faro, actual vice-presidente da Câmara de Loulé, socialista. A nova administração, após tomar posse, tem 120 dias para elaborar o regulamento interno, em conjugação com a Administração Regional de Saúde (ARS).

Contestação interna

Esta decisão surge também como forma de resolver vários problemas de gestão com que se debatia o hospital. Com a actual administração, liderada por Joaquim Ramalho, o CHA, que integra os hospitais de Faro e Portimão, mergulhou numa contestação interna grande marcada pela demissão de vários directores. Ao mesmo tempo, muitos profissionais hospitalares criticaram algumas das medidas implementadas pela administração.

A crónica falta de médicos, principalmente ao fim-de-semana, tem obrigado o CHA a mandar doentes para Lisboa ou socorrer-se das clinicas privadas para tratar os doentes. “Temos de resolver o problema de uma vez por todas, e para isso contamos com a excelência da Universidade do Algarve”, disse Costa, salientando que a proposta de criar um Centro Hospitalar Universitário traduz um solução de  “três em um” – valoriza o curso de medicina, confere mais meios para gerir os hospitais e dá  melhores perspectivas de evolução na carreira medica.

António Costa recordou ainda que os vértices do triângulo que sustenta o principal sector económico da região – o turismo – são a mobilidade, segurança e a saúde. Embora tenha deixado cair a promessa da prioridade na construção de um novo hospital central nesta legislatura, anunciou mudanças de gestão que virão acompanhadas de substituição de equipamentos obsoletos e avariados há muito tempo.

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