Hospitais públicos atenderam mais de 17 mil urgências por dia até Agosto

Balanço da Administração Central do Sistema de Saúde é feito no último dia de Paulo Macedo como ministro da Saúde, antes de passar a pasta a Fernando Leal da Costa.

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Ao todo, em oito meses foram feitas mais de quatro milhões de urgências Nelson Garrido

No último dia de Paulo Macedo como ministro da Saúde foram publicados os dados relativos à actividade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) até Agosto. Nos primeiros oito meses do ano, em comparação com igual período de 2014, foram feitas mais consultas médicas e de enfermagem nos centros de saúde. Também os hospitais fizeram mais cirurgias e deram mais consultas. O aumento desta actividade programada não conseguiu, contudo, evitar que o recurso às urgências hospitalares tenha continuado a subir. No período em análise, o SNS atendeu mais 5086 urgências do que no ano anterior, num total de mais de quatro milhões de episódios.

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), numa nota divulgada nesta quinta-feira, salienta que as urgências hospitalares cresceram 1% no período em análise. “A evolução da actividade de urgência hospitalar está muito dependente da sazonalidade e da severidade dos surtos de doenças respiratórias infecciosas e ondas de calor e de frio”, justifica-se.

No entanto, alguns trabalhos têm alertado que 40% destas urgências são consideradas desnecessárias e acontecem por os doentes não encontrarem resposta noutros locais. Por exemplo, o estudo Desempenho clínico dos hospitais do SNS em 2008 e 2014, divulgado neste mês pela própria ACSS e feito pela consultora espanhola Iasist, concluía que em sete anos, apesar do grande aumento das taxas moderadoras, os atendimentos em serviços de urgência diminuíram apenas 0,3%  – o que faz com que as urgências continuem a representar o dobro das primeiras consultas na actividade hospitalar.

A ACSS ainda, ainda, que o número de consultas nos cuidados de saúde primários “mantém a disposição de crescimento registada ao longo dos primeiros oito meses do ano”. “Perto de 6 milhões de utentes tiveram pelo menos uma consulta nos CSP, representando uma subida de 1,6%, quando comparado com o período homólogo de 2014”, lê-se. O balanço destaca que o aumento é também sentido nas consultas presenciais e nos domicílios médicos – numa resposta às críticas que têm sido feitas aos centros de saúde, de estarem a realizar mais actos sem a presença do utente, como a mera renovação de receitas.

Ainda no que diz respeito aos centros de saúde, o documento aponta para que quase nove milhões de portugueses já tenham médico de família. Foram dadas 14.608.429 consultas médicas presenciais, mais 47.734 do que em igual período de 2014. As consultas de enfermagem totalizaram 12.962.082, mais 231.053 do que no período homólogo. O objectivo de dar um médico de família a todos os portugueses era uma das promessas eleitorais de Passos Coelho que ficou por cumprir nesta legislatura.

Apesar deste aumento, é de recordar que nos primeiros seis meses do ano as consultas nos centros de saúde estavam em queda em comparação com o período homólogo, pelo que a recuperação foi feita apenas em Julho e Agosto. Em todos os casos, os valores estão aquém do que acontecia em 2011 quando Paulo Macedo chegou ao ministério.

Quanto aos hospitais, a ACSS diz que cresceram tanto as primeiras consultas como as consultas subsequentes: “Nos primeiros oito meses de 2015 realizaram-se mais primeiras consultas externas (2,7%) e mais consultas subsequentes (1,6%) nos hospitais do SNS, do que em período idêntico do ano de 2014”. As cirurgias também representaram um crescimento de 1,4%, num total de 367 mil intervenções. As cirurgias de ambulatório, isto é, sem necessidade de internamento, já representam 58,5% do total. O número de altas apresenta uma tendência de estabilização, o que “está relacionado com uma maior ambulatorização dos cuidados cirúrgicos”. A demora média de internamento segue uma tendência contrária e está a aumentar ligeiramente.

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