Há hospitais com mais jovens com ansiedade e outros casos “mais graves”

Idas às urgências diminuíram de uma forma geral, mas há unidades com casos mais graves. No Hospital Dona Estefânia, o número de crianças e jovens que chegaram à urgência e que tiveram contacto com a pedopsiquiatria, com problemas de ansiedade e humor, aumentou quase 50% no início do ano, em comparação com os dois primeiros meses do ano passado.

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Maria João Gala

Foi durante a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 que a adolescente foi à consulta de pedopsiquiatria do Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) com crises de ansiedade. Dizia-se receosa em ir à escola por medo de apanhar o vírus. Depois, o segundo confinamento impôs-se e a jovem, agora em casa, viu aquela ansiedade diminuir. Mas começou a falar em cansaço psicológico, queixava-se de isolamento. Estava com uma depressão. Outra adolescente com anorexia começou a demonstrar uma nova preocupação: o receio de apanhar o vírus e transmiti-lo à mãe, que, trabalhando num lar, poderia contagiar os utentes.

Estes são apenas alguns casos contados pela directora do serviço de pedopsiquiatria do CHUC, Carla Pinho, para ilustrar a forma como a pandemia se infiltra nas aflições dos mais jovens. “Sem dúvida que a pandemia e o confinamento têm impacto negativo na saúde mental de crianças e jovens, e vai piorar mais tarde. Na região centro, e cá no pediátrico, e não só na pedopsiquiatria, estamos todos preocupados com os efeitos desta pandemia nas crianças e nos jovens e com as medidas que devem ser tomadas. Estarem fechados desorganiza as crianças e os jovens, e os efeitos não são imediatos, vão aparecendo”, diz.

No Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, o número de crianças e jovens que chegaram à urgência e que tiveram contacto com a especialidade de pedopsiquiatria, com problemas de ansiedade e humor, aumentou quase 50% no início deste ano, num período de restrições mais apertadas, quando comparado com igual período do ano passado, antes de a presença do vírus no país ter perturbado o quotidiano das famílias.

Já no Hospital Pediátrico do CHUC, apesar de a ansiedade ter descido no período pandémico, embora continuando prevalente, os casos de tentativas de suicídio e de perturbações de comportamento alimentar que chegaram à urgência durante a pandemia foram “mais graves”, diz Carla Pinho. No Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, a percentagem de diagnósticos na urgência pediátrica por perturbações de ansiedade passou a barreira dos 70%, onde estava antes da pandemia, para os 76%.

Estes são apenas alguns dados ou sinais particulares que chamam a atenção destes especialistas, mesmo que, de forma geral, se registem quebras em inúmeros indicadores. No global do país, aliás, os dados disponibilizados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) mostram uma diminuição, pelo menos no número de episódios de urgências que levaram a internamentos, por motivos psiquiátricos, de crianças e jovens. Apesar de estes dados representarem só uma parte das entradas nas urgências desta especialidade, revelam uma diminuição de 840 internamentos (1 de Março 2019 a 31 de Janeiro 2020) para 442 (1 de Março 2020 a 31 de Janeiro 2021). A ACSS ressalva, no entanto, que, “relativamente a 2020-2021, a informação não está fechada, uma vez que o processo de codificação clínica está ainda a decorrer, tendo naturalmente influência nos dados apresentados”. Já as consultas de psiquiatria da infância e adolescência registaram um aumento nacional de 5,3%, quando se compara Março-Dezembro 2019 com Março-Dezembro 2020.

As leituras dos números exigem cautelas. Há descidas a registar, menos idas a estas urgências no geral, mas tal também pode ser explicado, em parte, por eventuais receios e até constrangimentos em ir a hospitais e mesmo por reorganizações no funcionamento de algumas unidades, por causa da pandemia.

No caso do Dona Estefânia, porém, verifica-se um aumento de 47,6% nos casos de ansiedade no início deste ano. Em menos de dois meses, houve mais 81 crianças e jovens que chegaram à urgência, e que tiveram contacto com a pedopsiquiatria, com problemas de ansiedade e humor: em Janeiro e Fevereiro de 2020 foram 170 casos (cerca de 38% do total); entre Janeiro e 24 de Fevereiro deste ano, 251 (cerca de 80%). 

Aumento esperado, mas não de desvalorizar

“É uma resposta esperada a uma situação que está a ser vivida pela sociedade e que condiciona o funcionamento habitual das famílias e da vida de cada um. O que mostra, acima de tudo, é que as crianças e os jovens são sensíveis à informação que corre nas notícias e nas redes sociais e, contrariamente a uma ideia um pouco instalada, estão preocupados com a pandemia, com a saúde deles e das pessoas mais vulneráveis. É uma resposta adaptada à gravidade da situação”, diz Rita Rapazote, coordenadora da urgência metropolitana de Lisboa de pedopsiquiatria, que funciona no Dona Estefânia, hospital que recebe crianças e jovens de Lisboa e Vale do Tejo e também de regiões a sul do país.

“Quando digo que estes casos de ansiedade são expectáveis, tendo em conta o contexto pandémico, não estou a desvalorizar, de todo, porque há situações muito dramáticas, e se foram à urgência mesmo em contexto de pandemia, é porque precisavam mesmo”, ressalva. “Preocupa-me, sim, porque há sempre um nível de ansiedade saudável e adaptativa, mas, nestes casos, em que vão à urgência, esse nível já foi ultrapassado pelos jovens, já foi ultrapassada a capacidade de resolver ou lidar com esta ansiedade. É preocupante, sim, mas não é de todo de espantar. É importante perceber qual a capacidade e disponibilidade que os pais têm para enquadrar tudo isto que está a ser vivido em todo o mundo”, prossegue. E nota: “A situação piorou neste segundo confinamento, porque as famílias já têm memória do que foi vivido no primeiro, vivido com esforço e relativo sucesso, mas, numa segunda ronda de tudo isto, é natural que haja menor tolerância e maior cansaço e sobrecarga nas famílias, com impacto na disponibilidade familiar e na capacidade de conter algumas angústias dos mais novos.”

No Dona Estefânia, tal como no CHUSJ ou no Pediátrico do CHUC, há quebras nestas idas a urgências na pandemia. No Dona Estefânia, de 1 de Março de 2019 a 19 de Fevereiro 2020, num ano considerado “típico”, houve 2188 casos de crianças e jovens que entraram na urgência e tiveram contacto com a pedopsiquiatria. Entre 1 de Março de 2020 a 19 de Fevereiro 2021, foram 1888. Rita Rapazote refere que, “no primeiro confinamento, houve uma redução drástica das idas a urgências por receio e também pela capacidade das próprias famílias de resolverem situações de conflito, mais problemáticas” nessa altura. “No primeiro confinamento, havia uma sensação de que seria temporário. Agora, no segundo confinamento, há menos tolerância em relação à situação e, portanto, as famílias já recorrem novamente mais às urgências, tal como antes da pandemia”, diz.

Ainda assim, há uma redução nestas idas à urgência neste hospital, tanto no global da pandemia, como no início deste ano. Significa que “as situações mais graves e agudas diminuíram”: “Pode ser por haver menos situações agudas ou por as famílias terem recursos para resolver esses problemas, sem irem à urgência. E também não é de excluir que as pessoas continuem a ter receio de ir ao hospital. As próprias famílias, por ouvirem mensagens sobre um uso mais racional de todos os serviços, podem ter recorrido menos, há esta ideia de que os hospitais estão sobrecarregados e de se fazer uma utilização mais criteriosa dos serviços”, explica.

O que não se pode dizer é que a diminuição nas idas à urgência traduz melhoria na saúde mental dos mais novos: “É um salto enorme, uma conclusão que não se pode tirar. É preciso ver pedidos de consultas externas, pedidos nos centros de saúde, fora do Serviço Nacional de Saúde, há uma série de respostas que precisam de ser consideradas e é preciso ter em conta que o sofrimento ocorre num período de tempo considerável, ainda que variável, e que ocorre antes de as famílias pedirem ajuda. A urgência dá-nos uma ideia das situações mais extremas.”

Adultos amortecem impacto na saúde mental das crianças

Rita Rapazote diz que “a maior parte dos quadros de saúde mental tem algum tempo de evolução, nem sempre são imediatos”. Mesmo assim, considera que, “a surgirem problemas de saúde mental nos mais novos, será a breve ou médio prazo”: “Não creio que vá haver nenhuma nova doença mental associada ao confinamento, pode é agudizar quadros clínicos em crianças e jovens em situações de maior vulnerabilidade. Pode acontecer em crianças e jovens que não tenham essa vulnerabilidade prévia, claro que sim, dependerá do contexto de cada caso e da forma como os adultos conseguirem apoiar e gerir estas situações e inquietações das crianças e dos jovens.” A responsável salienta o esforço que tem sido feito pelos adultos que tomam conta dos mais novos: “A ideia que temos é que os pais foram e são sobrecarregadíssimos, estão mais cansados do que no primeiro confinamento. A sobrecarga é para os pais mas, apesar disso, são eles, em parte, quem consegue responder e poupar os filhos e manter o nível de stress dos filhos num patamar gerível e não de doença. Os adultos estão a conseguir amortecer de forma muito importante o impacto da pandemia nas crianças e jovens.”

Olhando para os números no período que inclui este segundo confinamento, no Dona Estefânia entraram, entre Janeiro e 24 de Fevereiro deste ano, 314 crianças e jovens na urgência com contacto com a pedopsiquiatria; entre Janeiro e final de Fevereiro do ano passado, 445. Entradas por ingestão medicamentosa voluntária foram dez no início deste ano, nove nos dois primeiros meses de 2020; por problemas de comportamento foram 112 agora e 207 antes. Estes dados relativos a ingestão medicamentosa voluntária, por problemas de comportamento, bem como de ansiedade e de humor, podem coexistir numa mesma criança, daí o total das entradas nas urgências poder ser inferior à soma destes números.

Já no Hospital Pediátrico do CHUC, embora se verifique uma diminuição de casos em termos absolutos (21 para sete), a percentagem dos problemas de comportamento no total de entradas aumentou de 16% para 23%, quando se compara o período entre Janeiro e 18 de Fevereiro do ano passado com o deste ano. Nesta unidade, grande parte dos problemas identificados sofre descidas no período pandémico, embora haja alguns aumentos percentuais. A proporção dos problemas de adaptação face ao total de episódios de urgência, por exemplo, aumentou passando de 15% (112) para 19% (53) entre o período antes da pandemia em relação ao ano pandémico. Isto, porque, também neste hospital, se verificou uma quebra nas idas à urgência na pandemia e no segundo confinamento: 740 de 1 de Março 2019 a 18 de Fevereiro 2020 e 276 de 1 de Março a 18 de Fevereiro de 2021. No início deste ano, entre 1 de Janeiro e 18 de Fevereiro, 30 entradas; em igual período do ano passado, 131.

“A quebra não quer dizer que a saúde mental de crianças e jovens tenha melhorado, longe disso. Por exemplo, as tentativas de suicídio e as perturbações de comportamento alimentar que apareceram na urgência, neste Janeiro e Fevereiro e na pandemia no geral, foram mais graves. Neste último caso, os jovens estavam mais debilitados, com maiores perdas de peso”, diz Carla Pinho.

Nesta estrutura de Coimbra, a ansiedade, embora com descidas na pandemia, continua prevalente em todas as fases: 217 casos de Março de 2019 a 18 de Fevereiro de 2020 e 70 em igual período de 2020/2021. Entre Janeiro e 18 de Fevereiro do ano passado e igual mês e meio deste ano, desceram de 35 para sete. “Muitas vezes, também temos crises de ansiedade relacionadas com a escola que, agora, podem estar a ser disfarçadas. Mas a ansiedade tem, sem dúvida, relação com o contexto pandémico, pode aumentar com as incertezas da pandemia. Vai havendo ansiedade por outros motivos e ela acaba por ser prevalente e, neste segundo confinamento, a par com problemas de comportamento.” Para esta especialista, não há dúvidas: “Há uma certeza de que a saúde mental está em risco e vai haver agravamento e necessidade de dar uma resposta eficaz às perturbações de saúde mental que vão aumentar, nas crianças e nos jovens e mesmo nos familiares, por inúmeros motivos”, diz.

Cansaço “maior” neste segundo confinamento

Carla Pinho nota ainda que há episódios de ida a urgência que podem incluir um mal-estar anterior: “Vai à urgência, mas surge na sequência do que tem vindo a acontecer. Os jovens, às vezes, vão disfarçando. Às vezes, só são percebidos meses e meses depois.” E sublinha: “Neste momento, há um receio e uma incerteza. Depois de um primeiro confinamento e quase regresso à normalidade, acontece um segundo confinamento com números muito mais assustadores, e há uma incerteza e uma repetição do confinamento com mais dúvidas ainda, que tem impacto na maneira como tudo é vivido.”

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renato cruz santos

No que toca a consultas, nesta estrutura de Coimbra, aumentaram no período global da pandemia em relação a igual período anterior, de 6977 para 7152. Um aumento provocado por mais primeiras consultas de pedopsiquiatria e mais na área das perturbações do comportamento alimentar. No período de Janeiro a 18 de Fevereiro do ano passado e o deste ano mantêm-se: 1109/1108.

Já no CHUSJ, apesar de o número absoluto de idas à urgência pediátrica ter diminuído, a percentagem de diagnósticos psiquiátricos feitos entre Janeiro e 18 de Fevereiro deste ano aumentou ligeiramente quando comparado com igual período antes da pandemia, mas apenas de 1,3% para 1,5%. As percentagens correspondem a 63 episódios com diagnóstico psiquiátrico neste início do ano em comparação com 150 no mesmo período do ano passado. No total, houve 4332 episódios de urgência pediátrica nesta última fase pandémica em comparação com 11.639 em igual período antes da pandemia. Os cinco diagnósticos psiquiátricos mais frequentes, na população infanto-juvenil que procurou esta urgência pediátrica neste início de ano (em comparação com Janeiro a 18 de Fevereiro do ano passado), foram: perturbações de ansiedade (agora, 63,5%; antes, 69%); intoxicação por substâncias psicotrópicas (agora 7,9%; antes 8%); ideação suicida, tentativa de suicídio (agora 7,9%; antes 4%); perturbações decorrentes do uso de álcool (agora, 6,3%; antes 16%); anorexia (agora, 4,8%; antes 2%).

“Houve menos idas [à urgência], mas as perturbações de ansiedade continuam em primeiro lugar, e é relevante a ideação suicida ter uma percentagem superior este ano enquanto a percentagem de perturbações decorrentes do uso de álcool foi menor, porque os jovens estão em casa mais controlados. Agora, claramente, há ansiedade. Há um pequeno aumento percentual [nos diagnósticos psiquiátricos neste início do ano] muito à custa de perturbações de ansiedade em crianças e jovens”, diz o director da Unidade Autónoma de Gestão da Psiquiatria e Saúde Mental deste centro hospitalar, Rui Coelho.

Acrescenta que, mesmo que sejam menos casos em termos absolutos, não se deve desvalorizar, porque dizem respeito a um período de tempo curto (primeiro mês e meio deste ano). Pelo contrário, é preciso “valorizar” que “esta população continua a ter uma elevadíssima perturbação de ansiedade” e também é preciso “olhar para a ideação suicida”.

Rui Coelho acrescenta: “Há dois grupos que nos começam a preocupar, a médio e longo prazo, as crianças e jovens e os idosos, isto é um pouco traumático. Não é muito claro o que se passa com as crianças e jovens. Às crianças dizem que anda aí um bichinho, nos adolescentes faz falta conviver, estar fora de casa. Nos adolescentes, a médio e longo prazo, pode perturbar uma evolução saudável a nível da saúde mental.”

Mesmo com descidas em termos absolutos ou pequenas subidas percentuais, o responsável diz-se atento: “Os números são os números, mas valorizo e preocupo-me, porque tudo isto surgiu de repente, tudo isto é novo e é um grupo particularmente frágil, tal como os idosos. Não sabemos como se vai repercutir a médio e longo prazo, que adultos vão resultar a médio e longo prazo, resultante deste ambiente, desta pandemia, destes confinamentos. E, depois, as idades são muito diferentes, 4, 8, 12, 17 anos. Mas sem qualquer dúvida que há um cansaço maior neste segundo confinamento.”

“É um stress dia sim, dia sim”

Sobre os adolescentes, acrescenta: “A escola e o grupo são fundamentais, aprendem é fora de casa. Em casa, dependem muito da qualidade das relações familiares. E, agora, tudo isto volta a acontecer. Se calhar, este grupo etário apresenta mais inquietação e perplexidade perante a forma como isto vai evoluir, nos adolescentes é uma ruptura que leva à ansiedade. Todo este período pandémico e de confinamento, neste grupo etário, acarretará potencialmente maior vulnerabilidade na área da depressão e ansiedade. Mesmo que as idas às urgências tenham diminuído, a saúde mental não melhorou, de todo. Isto é vulnerabilizante e fragilizante”, diz. E deixa uma questão: “O que vai acontecer daqui a cinco ou dez anos a estes jovens? Os cuidados de saúde primários devem estar muito atentos.”

Se se considerar a globalidade do período pandémico, neste centro, a percentagem de diagnósticos psiquiátricos na urgência pediátrica é semelhante nos dois períodos (1,1% de Março de 2020 a 31 Janeiro de 2021 em relação a 1,2% de Março de 2019 a 31 Janeiro de 2020). As percentagens correspondem a 431 episódios na pandemia em relação a 861 episódios antes (em 38.382 episódios de urgência pediátrica no período pandémico e 70.146 antes da pandemia). O diagnóstico psiquiátrico mais frequente, na população infanto-juvenil que procurou esta urgência pediátrica, foi a perturbação de ansiedade (329 casos entre 1 Março de 2020 a 31 Janeiro de 2021, ou seja, 76% do global, em comparação com 605 no período homólogo anterior, cerca de 70%). Seguem-se, com números menores, ideação suicida, tentativa suicida; perturbações decorrentes do uso de álcool; psicoses; e intoxicação por substâncias psicotrópicas.

“Apesar de menos idas a urgências, a percentagem de diagnósticos de perturbação de ansiedade subiu ligeiramente de 70% para 76%”, diz Rui Coelho. Mesmo que o número de crianças e jovens que foram à urgência tenha diminuído quase para metade no global da pandemia e quase três vezes menos no arranque deste ano, “possivelmente até por receio e limitações decorrentes da pandemia e do confinamento, ainda assim, a percentagem de diagnósticos de ansiedade manteve-se acima dos 60% nos dois períodos”. Se só vão à urgência em último caso, isso é “claramente tradutor do sofrimento” em que estão os mais novos e mostra que “deverá ser uma população alvo de seguimento a nível de cuidados de saúde primários, dando importância a profissionais da área de saúde mental nos cuidados primários, como, por exemplo, psicólogos”. “Temos de aumentar os profissionais da área da saúde mental”, defende.

Rui Coelho acrescenta: “A médio e longo prazo, se os confinamentos continuarem por muito tempo, poderá haver outros efeitos, porque as crianças e os adolescentes precisam de se relacionar. Este relacionar-se com os outros é estruturante da personalidade, esta incerteza permanente não é boa para saúde mental. É um stress dia sim, dia sim, é um stress crónico, diariamente vivemos com muita incerteza. E é global. Vai deixar sequelas, penso que sim.”

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