Governo desafia escolas a debater defesa nacional e segurança

"No sistema educativo pura e simplesmente deixámos que desaparecesse a referência a valores de cidadania fundamentais", lamentou ministro da Defesa.

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Azeredo Lopes: "No sistema educativo pura e simplesmente deixámos que desaparecesse a referência a valores de cidadania fundamentais, na parte em que envolve questões ligadas à segurança, defesa e paz" RUI GAUDENCIO

O ministro da Defesa Nacional, José Alberto Azeredo Lopes, defendeu nesta segunda-feira que o Governo pretende reparar lacunas e não formatar as gerações ao impulsionar o Referencial da Educação para a Segurança, Defesa e Paz, que tenciona estender a todo o território nacional.

"Sobretudo queria deixar claro que não queremos formatar gerações. Trata-se, no fundo, de reparar uma lacuna que nós, e não estou a criticar ninguém, temos que assumir colectivamente, o que de alguma forma desleixámos durante algum tempo", apontou Azeredo Lopes.

O Referencial da Educação para a Segurança, Defesa e Paz é constituído por um conjunto de orientações para as escolas. "Percepcionar a emergência de novos perigos, riscos e ameaças face às transformações da sociedade actual" e "compreender as missões das Forças Armadas e das Forças e Serviços de Segurança no quadro da segurança, da defesa e da paz" são alguns dos temas propostos para serem desenvolvidos no ensino básico e secundário.

Nesta segunda-feira, no final da assinatura do protocolo-quadro de implementação deste Referencial com os municípios do distrito de Viseu, que decorreu no Regimento de Infantaria n.º 14, o ministro aludiu aos valores de cidadania que diz terem desaparecido do sistema educativo. "No sistema educativo pura e simplesmente deixámos que desaparecesse a referência a valores de cidadania fundamentais, na parte em que envolve questões ligadas à segurança, defesa e paz", apontou.

De acordo com o representante do Governo, estes acordos para a implementação do Referencial da Educação para a Segurança, Defesa e Paz deverão estender-se a todo o território nacional, "até unir o país todo".

Estes protocolos, impulsionados pelos ministérios da Educação e da Defesa Nacional, já foram assinados com cinco municípios do Grande Porto e cinco municípios da Grande Lisboa, tendo sido assinados durante a manhã desta segunda-feira por 22 dos 24 municípios (não marcaram presença os concelhos de Castro Daire e Sernancelhe) do distrito de Viseu. Os protocolos têm a duração de três anos.

Esta é uma iniciativa conjunta que procura contribuir para o envolvimento da sociedade civil no debate de questões da Defesa Nacional e aproximar os cidadãos das Forças Armadas, envolvendo autarquias e escolas. Aos jornalistas, Azeredo Lopes sublinhou ainda que este processo interdisciplinar só é possível levar a cabo com os actores educativos com o papel de protagonistas, daí a presença do Ministério da Educação, mas também em articulação com o poder local (autarquias).

A iniciativa contou também com a presença do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que considerou que os Referenciais da Educação para a Segurança, Defesa e Paz são absolutamente fundamentais. "As expectativas são obviamente altas, no sentido em que estes blocos levam à construção de consciência para a cidadania absolutamente importante para podermos construir cidadãos mais completos, mais activos e mais participativos", concluiu.

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