Governo propõe subsídio de 150 euros para enfermeiros especialistas

Sindicato diz não pretender aceitar aquilo que classifica como esmola.

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Manifestação de enfermeiros Mario Lopes Pereira

O Governo propôs esta terça-feira ao Sindicato dos Enfermeiros um subsídio imediato de 150 euros para os especialistas, uma medida transitória até à negociação das carreiras em 2018, mas que o sindicato não pretende aceitar.

"Não vamos aceitar, como é óbvio, porque não é só o dinheiro que está em causa. Há muitas outras coisas tão ou mais importantes do que o dinheiro. A reestruturação da carreira é muito mais importante do que uma esmola de 150 euros. Não vamos, provavelmente, aceitar isso, mas vamos falar com os nossos parceiros", disse o presidente do sindicato, José Azevedo, que esteve reunido esta terça-feira com uma equipa do Ministério da Saúde para dar início a um processo negocial para esta carreira profissional.

Para a próxima terça-feira está já agendada uma segunda ronda negocial, para a qual o sindicato espera poder contar com a participação do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), a outra organização sindical representativa destes profissionais, que agendou uma greve para o início de Outubro.

"Nós vamos reunir com eles na quinta-feira, na Ordem dos Enfermeiros, que serve de mediadora, e vamos ver se os nossos colegas querem aderir às nossas propostas, visto que são as que estão devidamente estruturadas com as necessidades dos enfermeiros. Se estiverem disponíveis, provavelmente não há necessidade de fazer a greve, porque não há necessidade de estarmos a negociar isto e ao mesmo tempo ameaçar com uma greve. Se não quiserem aderir sigam o seu caminho, nós seguimos o nosso", acrescenta o mesmo dirigente sindical. "Estamos a estender a mão, se a quiserem apanhar muito bem. Não faz sentido termos duas mesas negociais".

José Azevedo admite que as negociações com o Governo até podem ser breves, dependendo da vontade do executivo, frisando que esta terça-feira já houve negociações. "Se nos assegurarem a revisão das carreiras nós temos praticamente o nosso projeto concluído e é fácil dá-lo por terminado. Em pouco tempo podemos concluir as nossas negociações, assim haja vontade", disse, referindo que é necessário que o Ministério da Saúde se aproxime dos valores propostos pelo sindicato que dirige.

O presidente do sindicato afiança que "as propostas são reflexo de 10 ou 12 anos de estagnação" na carreira de enfermagem e lembra as declarações do primeiro-ministro, António Costa, em entrevista ao Diário de Notícias, que disse que no descongelamento das carreiras previsto para 2018 os enfermeiros serão os mais beneficiados.

Os enfermeiros cumpriram cinco dias de greve na semana passada e reivindicaram a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para toda a classe. O braço de ferro entre enfermeiros e Ministério da Saúde prolonga-se desde Julho, com a reivindicação da integração da categoria de especialista na carreira. 

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