Governo não sabe quantas pessoas estão desaparecidas

Número de desaparecidos é incerto desde a primeira hora, mas no MAI acredita-se que o número de vítimas estabilizou. Certezas só no final desta semana ou início da próxima.

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Os últimos dados oficiais apontam para 64 mortos e 254 feridos Paulo Pimenta

Primeiro, famílias inteiras desapareceram. Casais não deixaram rasto. Aos poucos, à medida que o fumo se foi dissipando e as chamas perdendo fogo, muitas destas pessoas regressaram. Outras estarão entre os 254 feridos oficiais. Mas, ao certo, ninguém sabe quantas continuam ainda desaparecidas na sequência do incêndio que provocou 64 vítimas mortais.

O Ministério da Administração Interna (MAI) admite que essa contabilidade está ainda por fazer, mas garante que quem procura familiares que estavam na zona de Pedrógão Grande não está a ficar sem resposta. O número de vítimas mortais estabilizou nas 64 logo na segunda-feira e as autoridades acreditam, tal como já sublinhou a ministra Constança Urbano de Sousa, que já não deverá subir. Segundo a mesma fonte, a GNR já completou o chamado “varrimento” de todas as áreas afectadas pelo fogo sem que novas vítimas tenham sido encontradas.   

“A Autoridade Nacional de Protecção Civil tem uma linha telefónica de informações, 800 246 246, em que o operador faz uma triagem caso a caso e procura depois nos vários organismos que estão no terreno inteirar-se do paradeiro dessa pessoa”, explica ao PÚBLICO fonte do MAI, dizendo que durante os dias mais intensos a preocupação das autoridades foi para o combate às chamas e para o socorro dos feridos.

Em Pedrógão Grande, foram várias as instituições que acolheram pessoas deslocadas. A Cruz Vermelha Portuguesa e várias misericórdias da zona. Por isso, após contacto para o 800 246 246, a Protecção Civil procura junto destas instituições informações sobre essa determinada pessoa.

O objectivo, diz o gabinete da ministra, é facilitar, evitando assim que quem procura alguém tenha que contactar os vários locais de acolhimento espalhados pelo concelho. Números oficiais, acrescenta a mesma fonte, só no final desta semana ou no início da próxima, quando o ministério cruzar os dados disponíveis de todas as entidades envolvidas.

Foi o que aconteceu em relação à matemática dos feridos. Na terça-feira, o balanço oficial indicava 157 ligeiros e sete graves. Um dia depois, o número foi actualizado para 254, mantendo-se os sete feridos graves, entre os quais uma criança e quatro bombeiros.

“Quando cruzámos os dados dos vários hospitais, o número foi actualizado”, explica o MAI, dizendo que entre os que estavam dados como desaparecidos contavam-se muitos turistas nacionais, que passavam por Pedrógão Grande quando aconteceu a tragédia. Os contactos para a linha oficial entretanto criada têm sido residuais e foram descendo à medida que os dias iam passando.

Para os locais, e numa altura em que a rede móvel continua a ser intermitente na zona mais atingida pelo incêndio, a Protecção Civil tem-se socorrido dos carteiros para, de casa em casa, de porta em porta, identificar possíveis pessoas desaparecidas. “Os carteiros têm sido o nosso GPS, pelo conhecimento profundo que têm daquela zona e de quem lá vive em cada habitação”, adianta o MAI, que em vez de “desaparecidos” prefere a expressão “paradeiro desconhecido”.

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