Meteorologia, comunicações e "estrada da morte": Governo exige respostas sobre incêndio em Pedrógão

O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, quer saber o que aconteceu de anormal e se "houve falha de comunicações".

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Até esta segunda-feira arderam cerca de 30 mil hectares em Leiria Paulo Pimenta

O Governo exigiu esclarecimentos sobre as circunstâncias do incêndio em Pedrógão Grande, Leiria, que provocou pelo menos 64 mortos e 135 feridos, segundo o balanço provisório divulgado no terceiro dia de combate às chamas. De acordo com o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, o primeiro-ministro, António Costa, assinou "um despacho em que exige esclarecimentos ao IPMA [Instituto Português do Mar e da Atmosfera] para saber as condições atmosféricas e climáticas naquele dia, o que é que houve de anormal, o que é que há para ser explicado".

Em declarações no programa Prós e Contras, da RTP, emitido na segunda-feira à noite, Jorge Gomes disse que António Costa também quer saber "se houve falha de comunicações do sistema do Estado", o SIRESP - Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, e pediu esclarecimentos sobre "o encerramento ou não encerramento da Estrada Nacional onde se deu o fatídico caso".

Jorge Gomes referia-se à Estada Nacional (EN) 236-1, apelidada agora de "estrada da morte", onde morreram dezenas de pessoas encurraladas pelas chamas entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.

O incêndio começou em Pedrógão Grande, no sábado à tarde, e alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria. Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pelo município de Pampilhosa da Serra. 

De acordo com o mais recente balanço provisório, o número de mortos subiu para 64 e o de feridos aumentou para 135, mais do dobro dos que eram conhecidos ao início da tarde de segunda-feira. Já na madrugada desta terça-feira, fonte do Ministério da Administração Interna disse que já foram identificados mais de metade dos 64 mortos.

Uma das vítimas mortais era um cidadão francês, segundo o Governo de Paris. Há ainda dezenas de deslocados, estando por calcular o número de casas e viaturas destruídas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem acompanhado a situação e chegou na segunda-feira, pelas 13h30, ao posto de comando da Protecção Civil em Avelar, Ansião (Leiria), onde se mostrou convicto da existência de sinais de evolução favorável destes incêndios, depois de ter sido avançado pelas autoridades que conseguiram dominar 70% das chamas.

O fogo afectou também o fornecimento de água de luz a algumas localidades, sendo que pouco depois da 1h25, estes serviços já tinham sido repostos na maioria das localidades de Figueiró dos Vinhos, informou fonte municipal.

Segundo o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS), do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que apresenta as áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite (com uma resolução espacial de 250 metros), o incêndio de Pedrógão Grande registava, até segunda-feira, 25.969 hectares de área ardida.

Este número representa três vezes a dimensão de Lisboa (8500 hectares) e seis vezes a do Porto (4200 hectares). Também na segunda-feira, a Comissão Europeia admitiu a exclusão no cálculo do défice de Portugal das verbas gastas com apoios de emergência e que poderá comparticipar até 95% as despesas de reconstrução das áreas afectadas.

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