“Foram buscar outros que parecem mais corruptos”, dizem advogados de Sócrates

Os advogados João Araújo e Pedro Delille vão tentar anular a anexação à Operação Marquês, por parte do Ministério Público, de material que consta de outros processos.

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O Ministério Público tem até 20 de Novembro para deduzir uma acusação na Operação Marquês JOÃO RELVAS/LUSA

Os advogados de José Sócrates contestam o rumo que tomou a Operação Marquês e acusam os investigadores de terem sido obrigados a constituir arguidos neste processo “outros que parecem mais corruptos, como Zeinal Bava e Henrique Granadeiro”, para darem substância ao processo em que o ex-primeiro ministro é suspeito de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Os advogados João Araújo e Pedro Delille vão tentar anular a anexação à Operação Marquês, por parte do Ministério Público, de material importado de outros processos, nomeadamente os relacionados com a derrocada da Portugal Telecom e do universo Espírito Santo. “Estas pessoas não têm nada a ver com José Sócrates. Não faz sentido que sejam julgadas em conjunto com ele”, defenderam em conferência de imprensa, em Lisboa, argumentando que nos últimos tempos o processo em causa tem sido “enchido com outros processos, com outras investigações”, por forma a permitir condenar alguém no final do julgamento.O ex-presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, foi constituído arguido na Operação Marquês em Janeiro passado, por ter supostamente corrompido Sócrates, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. Seguiram-se-lhe estes dois antigos dirigentes da Portugal Telecom.

“Com estes factos era impossível levar José Sócrates a julgamento. Não lhe foi imputado um único acto ilícito. Por isso foram buscar outras pessoas”, observou Pedro Delille. "Importaram arguidos e mais alguns milhares de folhas" de outros processos, acrescentou João Araújo, que se refere à Operação Marquês como "um processo de dimensões absolutamente mastodônticas", com as suas 40 mil páginas, fora os apensos. "É de tal modo volumoso que torna impossível a defesa dos arguidos", criticou. Para ironizar em seguida: "Só as pessoas mais novas terão oportunidade de assistir um dia ao seu desfecho", por o antever para daqui a demasiados anos. 

Os dois advogados asseguram que a audição na Operação Marquês, na qualidade de testemunhas, de arguidos de outros processos é uma mais uma ilegalidade flagrante, tal como sucede com as anexações. "É o mesmo que dizerem-lhes: 'Se se portarem bem na Operação Marquês não serão incomodados" nos inquéritos em que figuram como suspeitos, referiu Pedro Delille. 

O Ministério Público tem até 20 de Novembro para deduzir uma acusação na Operação Marquês, mas tencionam conclui-la antes disso.

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