Como devem as escolas ser dirigidas? Fenprof quer saber o que pensam os professores

Sindicato fará inquérito nacional sobre o papel dos directores na gestão dos estabelecimentos de ensino e uma série de debates sobre o tema nos próximos dois meses

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“O princípio é o de que se uma escola não está organizada de forma democrática não está a educar para a democracia”, defende Manuela Mendonça, do secretariado nacional do sindicato. Paulo Pimenta

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) vai fazer um inquérito nacional aos docentes, durante a próxima semana, para saber o que estes pensam sobre o modelo de administração das escolas. O sindicato junta-se ao debate nacional sobre o papel dos directores na gestão dos estabelecimentos de ensino com uma campanha nacional que incluirá também um conjunto de debates que se prolongarão nos próximos dois meses.

Nos últimos anos, a Fenprof tem defendido uma gestão das escolas assente em órgão colegiais, retirando poderes aos directores. Na quinta-feira, a estrutura sindical lança uma campanha "em defesa da gestão democrática".

“O princípio é o de que se uma escola não está organizada de forma democrática não está a educar para a democracia”, defende Manuela Mendonça, do secretariado nacional do sindicato.

Mas, mais do que defender as suas posições sobre a matéria, a Fenprof diz que quer conhecer o que pensam os professores. No inquérito que vai fazer, a Fenprof pergunta-lhes, entre outras coisas, se entendem que os órgãos de gestão das escolas devem ser unipessoais, como acontece actualmente, colegiais ou se defendem uma solução alternativa. Os resultados deste questionário serão divulgados a nível nacional e em cada uma das escolas na segunda semana de Fevereiro.

Os dados de cada estabelecimento de ensino serão depois debatidos em reuniões internas, que culminarão com uma conferência nacional sobre o tema, agendada para Março. Até lá, a Fenprof vai ainda organizar outras sessões de discussão, incluindo um encontro nacional com directores de escolas, marcado para a segunda metade do próximo mês, em Lisboa. “Queremos saber o que as pessoas pensam sobre isto e se, porventura, as opiniões forem diferentes das da Fenprof, vamos corrigir as nossas propostas”, promete Manuela Mendonça.

O resultado do debate dos próximos dois meses servirá de base ao caderno reivindicativo que a Fenprof vai preparar para o debate sobre a forma de gestão das escolas que se avizinha no Parlamento, depois de o PCP ter apresentado, há duas semanas, um projecto de lei com o objectivo de acabar com a concentração de poderes de organização e gestão das escolas na figura do director. 

Esse diploma está agora a ser alvo de debate na comissão especializada de Educação e Ciência, que devia ter analisado esta terça-feira o parecer do deputado relator indicado pelo PS, mas a apresentação do documento acabou por ser adiada, devendo apenas acontecer na próxima reunião, no próximo mês.

O modelo de gestão dos estabelecimentos de ensino tem estado em discussão depois de um conjunto de especialistas e outras personalidades terem lançado o Manifesto pela Democracia nas Escolas, divulgado em primeira mão pelo PÚBLICO a 13 de Dezembro. 

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