Greve de professores mantém-se. Ministro garante que não podia ir mais longe

Reunião desta terça-feira com o ministro não gerou qualquer entendimento. "De forma responsável, não pudemos ir mais longe", afirmou o ministro no final do encontro.

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Nuno Ferreira Santos

"De forma responsável, não pudemos ir mais longe". Foi assim que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, justificou nesta terça-feira a impossibilidade de um acordo com a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e com a Federação Nacional da Educação (FNE). Ambas as estruturas sindicais mantiveram a greve marcada para esta quarta-feira.

Tiago Brandão Rodrigues, que falava aos jornalistas após mais de seis horas de reunião com os sindicatos, lembrou a este respeito que algumas das questões centrais para a Fenprof e para a FNE, como o descongelamento de carreiras e a criação de um regime de aposentção específico, englobam "um exercício que está a ser feito globalmente pelo Governo" para toda a função pública. "Vão muito além do que são as responsabilidades que podem ser assumidas pelo Ministério da Educação". frisou. 

Foram dois dias de reuniões intensas com a Fenprof e a FNE, que começaram na segunda-feira e foram retomadas nesta terça-feira com o objectivo de evitar a greve, convocada por aquelas estruturas sindicais para esta quarta-feira, dia de exames nacionais. "Podemos assegurar que os 200 mil alunos que realizam amanhã [quarta-feira] os exames nacionais do 11.º ano e a prova de aferição do 2.º ano o poderão fazer com toda a tranquilidade", assegurou o ministro. Esta garantia é possível porque um colégio arbitral decretou, na semana passada, serviços mínimos com o objectivo, precisamente, de garantir a realização das provas nacionais. Os sindicatos acataram esta decisão.

A reunião desta terça-feira começou pelas 15 horas. A FNE foi a primeira a abandonar o barco. Três horas depois, o seu líder, João Dias da Silva, anunciava que a federação mantinha a convocação da greve. Foi preciso esperar mais três horas para se saber qual a posição da Fenprof, que acabou também por manter a greve desta quarta-feira.

"Fomos até onde podiamos ir, mas o ministério não aceitou nem sequer a criação de um grupo de trabalho para avaliar a questão da aposentação", disse o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira. O líder da FNE, Dias da Silva, tinha informado que os compromissos assumidos pelo ministério neste encontro "não correspondem às expectativas". 

Segundo o dirigente, das oito propostas apresentadas pela FNE, cinco foram recusadas pela tutela.

Neste encontro foram analisadas as novas propostas enviadas pelos sindicatos na segunda-feira à noite com vista ao estabelecimento de um calendário de negociações em torno do descongelamento das carreiras, da abertura de mais processos de vinculação extraordinária de professores contratados e a criação de um novo regime de aposentação para os docentes.

No final do encontro, Mário Nogueira disse que, apesar da greve, continuam disponíveis para "retomar negociações". "Esperamos que não seja necessário voltar a esta forma de luta", adiantou. Ainda segundo o líder da Fenprof, esta estrutura sindical não fará um levantamento da greve nos concelhos afectados pelos incêndios, tendo apelado a que todos os professores destas zonas estejam nas escolas "para prosseguir o trabalho de apoio" que têm vindo a desenvolver.

 

 

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