Exame de Matemática “não foi difícil", mas "era muito trabalhoso”

Na Escola Secundária da Maia, 242 alunos fizeram nesta quinta-feira o exame de Matemática A. Foi “trabalhoso”, apesar de o grau de dificuldade não ter sido dos piores, segundo os alunos.

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No último ano, a Escola Secundária da Maia ficou acima da média nacional a Matemática Adriano Miranda
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A chuva que cai miudinha em frente à Escola Secundária da Maia, onde 242 alunos fizeram nesta quinta-feira o exame de Matemática A, não impediu o habitual aglomerado pós-exame junto à portaria. Com ou sem enunciados na mão, sacam de cigarros, guardam calculadoras, conferem respostas, riem-se da própria desgraça.

“Nesta, bati de esquina”, atira um dos estudantes. “Ai que cancro, não fiz nenhuma das [perguntas] que não eram do 12.º ano”, lamenta-se outra.

As impressões finais, no grupo que saiu mal soou o toque das 12h, resumem-se com recurso a poucos adjectivos: “fácil”, “muito trabalhoso”. Entre os que precisam da nota deste exame para efeitos de candidatura à universidade, a angústia era maior. Não é o caso de Cláudio Monteiro, 19 anos, a quem basta um 9,5 para concluir a disciplina, já que o acesso a um curso superior na área das tecnologias, multimédia e comunicação se há-de basear no exame de Português. Mesmo assim, Cláudio estudou “que nem um cão”, o que equivale a dizer que tentou compensar com três semanas de explicações aquilo que não aprendeu em três anos.

Critérios de correcção do exame de Matemática do 12.º ano

“Fui um bocado desleixado. E, nestas três ultimas semanas, levantava-me às oito da manhã e ia para o centro de explicações, de onde só saía às seis da tarde. Depois, jantava e voltava a estudar. Só parei para ver os jogos da selecção.” Não está seguro de ter assegurado a positiva. “Nalgumas perguntas, bati na esquina”, ri-se.

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Daí a poucos minutos, a professora Júlia Ferreira, que esteve a coadjuvar no exame, sai e põe ponto de ordem na discussão. Já com os exercícios do exame resolvidos a lápis, atira: “As [perguntas] de escolha múltipla eram ‘dadas’.” E quanto valem? “Quatro pontos”, responde a docente. “São uns esmifras”, resmunga Leonor Silva, 17 anos, para acrescentar, entre o jocoso e o lamento, que “as ‘derivadas’ eram ‘totil’ grandes”.

“O nervosismo não ajudou”

Leonor saiu sem aproveitar os 30 minutos suplementares, por ter concluído que seria incapaz de resolver as três perguntas que deixou por fazer nem que lhe dessem a tarde toda. “Era matéria de outros anos. Olhei para aquilo e não percebi nada”, desculpa-se. Tem uma média de 15 no secundário, vai tentar entrar num curso de Enfermagem, no Porto, cuja média se fixou nos 15,2 no ano passado. “Apostei mais no teste de Biologia e Geologia que fiz ontem. Se não conseguir entrar no Porto, espero conseguir em Coimbra.”

A professora Júlia Ferreira reconhece que o teste era “muito trabalhoso”. Comparativamente com o do ano passado, “este era bem menos linear” e “a parte da Geometria era bem mais fácil no ano passado”. “Ai, professora, estou a ver que não percebi patavina. Estou deprimida”, dramatiza ainda Leonor.

O relógio avançou para as 12h30 e saem os alunos que decidiram aproveitar a meia hora suplementar. No caso de Joana Miguel, sem maior proveito. “O nervosismo não ajudou”, explica, quando o PÚBLICO lhe trava o passo apressado. Fez o exame como aluna externa porque precisa de ter o secundário concluído para formalizar a candidatura ao curso de Gestão na universidade onde anda já no chamado “ano zero”. “Não era propriamente fácil, mas também não era nada que não se conseguisse fazer com cabeça fria”. Está consternada: “Acho que não cheguei aos 9,5.”

Talvez, como Daniela Canelhas, 17 anos, tente de novo na segunda fase, marcada para 22 de Julho. “O exame não era difícil mas eu não estava preparada. Por isso, vou voltar a fazer, mas só para ver se consigo subir a média do secundário”, relata Daniela. Na esperança de entrar no curso de Biologia, cujo exame se fez ontem, diz que descurou a Matemática: “O de Biologia correu-me bem, espero ter à volta de 15, vamos ver se valeu a pena.”

Ao lado, Inês Madureira, 17 anos, também planeia fazer uma pausa de quatro dias para uma viagem ao Luxemburgo e depois ei-la de volta aos cálculos para o exame da segunda fase. “Queria entrar em Enfermagem, na Escola Superior do Porto, e para isso não preciso do exame de Matemática, a não ser para elevar a média do secundário. Espero conseguir.”

Mais um dia normal

Por esta altura, o aglomerado de alunos já se dispersou, entre a fuga à chuva e os preparativos para a noitada de S. João, e, para Rui Duarte, o director desta escola com 1700 alunos, foi mais um dia normal, apesar de o exame de Matemática “ser sempre dos mais críticos”. “É uma rotina já com alguns anos, os alunos estão mentalizados.”

E a escola, que em 67 turmas soma 11 de cursos profissionais, também não se tem saído nada mal. Em 2015, os 185 alunos que fizeram o exame de Matemática A obtiveram uma média de 12,77, acima da média do distrito (10,91) e da média nacional (10,76). Se tivesse em conta os ecos que lhe foram chegando esta manhã ao gabinete, o director diria que "as coisas, este ano, deverão manter-se ao mesmo nível". Mas isso seria fazer futurologia. E a Matemática não o permite. "Não me transpirou que tivesse havido aqui grandes alterações. Vamos esperar para ver."

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