Exame de Português teve grau de exigência elevado, afirmam professores

Mais uma vez, as duas associações de professores têm opiniões diferentes sobre o exame.

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Sttau Monteiro e Camões foram os autores deste ano Rui Gaudêncio

As perguntas relacionadas com o chamado Funcionamento da Língua (gramática) estiveram praticamente ausentes do exame de Português do 12.º ano, realizado nesta quarta-feira.

“São apenas seis os itens que questionam esta parte da matéria do programa (com cotação de três valores num total de 20) e quatro deles incidem sobre matéria do ensino básico”, destaca a Associação Nacional de Professores de Português (Anproport), num parecer sobre a prova divulgado hoje.

Em 2011, foram as perguntas de gramática, que pela primeira vez não eram de escolha múltipla, que estiveram na origem na que foi então a pior média de sempre no exame de Português (8,9). Apesar deste risco não se repetir no exame desta quarta-feira, a Anproport, que foi constituída no ano passado, considera que a prova teve “um grau de exigência elevada” devido ao grande número de exercícios que "demandam operações cognitivas complexas e à ausência de outros de menor exigência” e também a “algum desequilíbrio nos conteúdos seleccionados”.

Como já acontecera no ano passado, a Associação de Professores de Português (APP) tem uma opinião diferente, afirmando que a "prova se pautou pelo equilíbrio e objectividade”.

Sobre o tipo de questões colocadas no Grupo I do exame, onde são avaliados conhecimentos e capacidades de textos literários e de expressão escrita, a Anproport refere que “a prova incide essencialmente na capacidade de interpretar textos, com perguntas com a cotação total de 12 valores (em 20)", acrescentando que nos itens deste grupo “são exigidas duas explicações referentes a recursos expressivos e duas de relacionação, o que se traduz em algum grau de dificuldade, dadas as operações cognitivas mobilizadas e a sua repetição”. Os textos literários que saíram este ano foram um excerto da obra Felizmente Há Luar, de Luís de Sttau Monteiro, e um soneto de Luís de Camões. 

Já a APP realça, no seu parecer, que as respostas às duas questões relativas a um soneto de Camões "não implicam um conhecimento das linhas temáticas do poeta”. Em relação às três questões sobre um excerto da obra Felizmente Há Luar, considera que “estavam bem formuladas, devendo realçar-se a objectividade das mesmas”. 

A APP refere ainda que, estando “correctamente formuladas, os alunos não terão hesitado na escolha da alínea que estava certa nas perguntas de escola múltipla relativas à gramática". E elogia também o tema escolhido para a redacção por considerar que é “abrangente, dando possibilidade ao aluno de apresentar diferentes perspectivas”.

Para além de responder às perguntas de interpretação e das relacionadas com o Funcionamento da Língua, os alunos tinham também de escrever um “texto de reflexão sobre a importância da educação na construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social”.

O exame de Português foi realizado por 73.515 alunos. Estavam inscritos 76.076.

 

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