Ex-agente da CIA foi libertada

Autoridades italianas fizeram saber a Portugal que já não desejavam a extradição de Sabrina de Sousa.

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Sabrina de Sousa com o advogado, Manuel Magalhaes Silva, nesta tarde, ao deixar a PJ em Lisboa Reuters/STRINGER

A antiga agente da CIA Sabrina de Sousa, que estava detida desde a semana passada numa cadeia portuguesa para ser extraditada para Itália, onde ia cumprir quatro anos de cadeia por ter participado no rapto de um imã egípcio em 2003, foi libertada pela Polícia Judiciária.

Depois de o presidente italiano ter comutado a pena para três anos, o que já permitirá à luso-americana cumprir trabalho comunitário em vez de ir para a prisão, a justiça italiana revogou o mandado de detenção europeu que pendia sobre Sabrina de Sousa. Com 61 anos e a morar em Lisboa desde 2015, a antiga agente secreta foi libertada esta quarta-feira à tarde, depois do almoço.  

Tinha sido condenada por ter alegadamente sabido – e não ter impedido – de uma operação de contra-terrorismo no âmbito da qual o imã Abu Omar foi levado de Milão para uma cadeia egípcia, onde foi torturado. O antigo líder religioso, que defende que tanto Sabrina de Sousa como outros colegas da CIA igualmente condenados na altura foram meros bodes expiatórios, exige agora aos serviços secretos norte-americanos uma indemnização de 1,5 milhões de euros. 

"Sabrina de Sousa está contentíssima, como é natural. A partir de agora pode viajar livremente pelo mundo", relata o seu advogado português, Magalhães e Silva. "Mas isto não é o fim das coisas: ela quer ilibar completamente o seu nome". Por isso, explica, se a justiça italiana acolher o seu pedido para a pena de três anos de cadeia ser convertida em trabalho a favor da comunidade a antiga agente secreta pondera a hipótese de a cumprir não em Lisboa (como o seu advogado chegou a avançar) mas sim em Itália, por forma a conseguir o seu objectivo. Como? "Ou conseguir que seja levantado o segredo de Estado" sobre a operação de contra-terrorismo de 2003, para apurar quem foram realmente os responsáveis pelo rapto e tortura, ou arranjando maneira de que lhe seja reconhecida imunidade diplomática, por forma a ficar com o cadastro limpo, refere o jurista. 

A luso-americana conseguiu chegar a demonstrar que no dia do rapto se encontrava longe de Milão, a esquiar com o filho. Mas foi condenada com base no pressuposto de que era impossível, pela posição hierárquica que ocupava na CIA, desconhecer a operação em curso, nada tendo feito para a impedir, refere Magalhães e Silva.

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