Eutanásia não coloca problema constitucional, diz a Ordem dos Advogados

A posição foi transmitida por dois vogais da OA, Isabel Cunha Gil e Pedro Cabeça, ao grupo de trabalho que está a fazer audições sobre a petição contra a eutanásia.

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Enric Vives-Rubio/Arquivo

A Ordem dos Advogados (OA) considerou esta terça-feira que não há um problema constitucional à volta do debate sobre a eutanásia se o Parlamento optar pela sua despenalização.

A posição foi transmitida por dois vogais da OA, Isabel Cunha Gil e Pedro Cabeça, ao grupo de trabalho que está a fazer audições sobre a petição Toda a vida tem dignidade, contra a eutanásia.

"Não há grandes dúvidas de que a Constituição não é ferida num debate como este", seja qual for a opção do legislador, disse o representante da Ordem, que não vai pronunciar-se sobre a questão de fundo da petição nem sobre se pode estar em causa o valor da vida humana. Cada advogado pensa por si e a Ordem não terá posição, justificaram os dois advogados.

Pedro Cabeça questionou ainda que a petição proponha que o parlamento "rejeite toda e qualquer proposta que vá no sentido de conferir ao Estado o direito a dispor ou apoiar a eliminação de vidas humanas".

No texto que acompanha a petição, lançada pela Federação Portuguesa Pela Vida, lê-se que "a eutanásia é sempre um homicídio apoiado pelo Estado (pretensamente através de algum profissional de saúde) ou um suicídio assistido pelo Estado".

Ao Estado "não cabe criar o direito de alguém ser morto por outrem, nem validar esta opção como legítima perante o colectivo", prossegue o texto.

Os autores da petição querem que a Assembleia da República "legisle no sentido de reforçar e proteger o valor objectivo da vida humana, garantindo (...) a sua inviolabilidade, independentemente das circunstâncias em que se encontre".

Com mais de 14 mil assinaturas, a petição vai ser discutida pelos deputados no plenário da Assembleia da República, mas está ainda a ser objecto de audições por um grupo de trabalho da Comissão de Assuntos Constitucionais. 

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