Escolaridade dos pais é motor de desigualdades na escola

Mais de 90% dos pais com ensino superior ajudam habitualmente os filhos nas actividades escolares, um valor que desce para 21% entre os que fizeram apenas o 1.º ciclo.

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O inquérito foi realizado no âmbito de um estudo sobre o valor que os portugueses dão à Educação Adriano Miranda (arquivo)

Já muitos estudos comprovaram o impacto da escolaridade dos pais nas possibilidades de sucesso escolar dos filhos. O inquérito promovido pela investigadora do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Patrícia Ávila, vem confirmá-lo uma vez mais, ao dar conta desta diferença abissal: mais de 90% dos pais com ensino superior, que foram inquiridos, indicaram que ajudam habitualmente os filhos nas actividades escolares, um valor que desce para 21% entre os que fizeram apenas o 1.º ciclo. Em 2015, 25% da população com 15 ou mais anos tinha só este nível de escolaridade. E os licenciados representavam 17,1%.

O inquérito foi realizado no âmbito de um estudo sobre o valor que os portugueses dão à Educação, apresentado nesta quarta-feira, tendo sido entrevistadas 1201 pessoas com idades iguais ou superiores a 18 anos. Entre os menos escolarizados, 36% assumiram “que não ajudam os filhos porque não o conseguiram fazer”.

Estes resultados confirmam uma das conclusões a que chegou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) numa investigação sobre os chamados Trabalhos para Casa, em que se alertava para o facto de estes poderem constituir um motor de promoção de desigualdades. “Os alunos filhos de pais pouco escolarizados precisam de uma atenção reforçada das escolas”, defende Patrícia Ávila.

A investigadora lembra, a propósito, que vários outros estudos já comprovaram que “o regresso dos pais à escola tem um impacto fortíssimo no desempenho escolar dos jovens” e que este foi também “um dos efeitos mais notórios do programa Novas Oportunidades”.

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