Empresa de Macau será dona de 30% da Global Media pagando 17,5 milhões de euros

Acordo será assinado na quarta-feira, dia 12, durante o Fórum Macau. Entrada formal do novo accionista em 2017 obriga à redução da quota dos restantes.

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Miguel Manso

A empresa de imobiliário de Macau KNJ Investment Limited vai passar a controlar 30% da Global Media, o grupo proprietário dos jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias e da rádio TSF, entre outros títulos, através de uma injecção de capital de 17,5 milhões de euros, tornando-se o maior accionista do grupo, disse este domingo o mediador das negociações.

O acordo será assinado em Macau no dia 12, durante a 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau, e espera-se que o contrato seja assinado "lá para Março", indicou à Lusa Paulo Rego.

Para esse efeito, desloca-se a Macau o presidente do conselho de administração da Global Media, Daniel Proença de Carvalho, "que vem mandatado por todos os accionistas para assinar o chamado memorando de entendimento" que "sela as principais orientações" do contrato final que será fechado no próximo ano.

"Não temos datas marcadas. Nestas coisas, o importante é que os processos decorram até ao fim, cumpram todos os seus objectivos, mas estimo que seja natural que tudo possa estar concluído lá para Março", disse Paulo Rego.

A KNJ vai fazer uma injecção de capital de 17,5 milhões de euros, passando a controlar 30% do grupo de media, o que implica também a redução das participações actuais dos empresários António Mosquito e Joaquim Oliveira (27,5% cada um), de Luís Montez (15%), do Millennium BCP (15%) e do Novo Banco (15%).

Segundo notícias recentes publicadas pela imprensa, António Mosquito e Joaquim Oliveira devem reduzir as suas participações para 20% e Luís Montez, BCP e Novo Banco para 10%. Esta injecção de capital vai também reflectir-se na nomeação de membros para o conselho de administração e comissão executiva.

Segundo Paulo Rego, a nova "parceria" terá dois grandes focos: a "modernização tecnológica e os novos modelos de negócios digitais, [através da] migração do chamado jornalismo em papel para os novos modelos online", e a "internacionalização do grupo para os mercados de língua portuguesa". Macau, não só pela origem do investimento mas também devido ao seu desígnio como plataforma entre a China e os países lusófonos, "é uma extensão natural" dessa internacionalização, explicou.

De acordo este responsável, a entrada de capital da KNJ vai permitir aumentar a capacidade de crescimento. "Há um claríssimo objectivo de crescimento. O aumento de capital significa que estamos todos convencidos que seremos capazes de criar valor para o grupo. Além da lógica de dividendos, há uma clara aposta na valorização do grupo, no crescimento da sua importância, no crescimento da sua geografia, na sua capacidade de abarcar os novos modelos de negócio", afirmou.

Para a KNJ, que não tinha até agora nenhum investimento no sector dos media, a entrada na Global Media faz parte de uma estratégia de "diversificação da carteira de activos", através de "investimentos em sectores diferentes do imobiliário, onde a KNJ está mais focada", que sejam "internacionalizáveis e possam ser relevantes no mundo da língua portuguesa".

A Macau KNJ Investment Limited é liderada pelo empresário Kevin King Lun Ho e, segundo o registo comercial, foi fundada em 2012, dedicando-se ao investimento imobiliário, médico e de saúde, bem como à restauração. Kevin Ho é sobrinho do antigo chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho, e director do banco Tai Fung, entre outros investimentos.

O grupo Global Media é dono do Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, do desportivo O Jogo, do site Dinheiro Vivo, das revistas Volta ao Mundo e Evasões, além de marcar presença no Açoriano Oriental, Jornal do Fundão e Diário de Notícias da Madeira, entre outros. Detém também duas gráficas, a Naveprinter, no Porto, e a participada Empresa Gráfica Funchalense, em Lisboa. O grupo faz ainda parte da estrutura accionista da agência Lusa e das cooperativas VisaPress e Notícias Portugal.

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