Doenças respiratórias são a terceira causa de morte em Portugal

Anualmente 12% dos óbitos são provocados por doenças respiratórias. Casos têm aumentado entre as pessoas com mais de 70 anos.

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Barbara Raquel Moreira

As doenças respiratórias crónicas são responsáveis por 12,4% dos óbitos e constituem a terceira causa de morte em Portugal, atrás das doenças cardiovasculares e do cancro, segundo o Relatório do Programa Nacional de Doenças Respiratórias, apresentado em Faro.

Cristina Bárbara, que apresentou o documento nesta terça-feira, disse à agência Lusa que "anualmente 12% dos óbitos em Portugal são provocados por doenças respiratórias", mas tem-se registado uma tendência de diminuição do número de "mortes prematuras" por doenças respiratórias, ou seja, entre as pessoas abaixo dos 70 anos.

Mas as mortes "não prematuras, que afectam pessoas acima dos 70 anos, têm aumentado", contrapôs, frisando que esta faixa etária é a que tem contribuído mais para colocar as doenças respiratórias como a terceira principal causa de morte em Portugal.

"Outro aspecto que tem vindo a evidenciar-se ao longo dos anos é que, enquanto no passado havia maior mortalidade no sexo masculino, presentemente, em números absolutos de óbitos, são iguais em homens e mulheres. E em 2015, que são os últimos dados fechados e oficiais do INE, até houve um ligeiro aumento por parte das mulheres", disse Cristina Bárbara, justificando a "equalização no género" com o aumento de hábitos tabágicos entre o sexo feminino.

Internamentos por asma são evitáveis

A especialista considerou que a existência de "melhores cuidados de saúde, diagnósticos precoces e melhores tratamentos" têm permitido colocar Portugal "num lugar privilegiado" no panorama dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) na Europa no que diz respeito à asma e à Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), com o segundo lugar entre os países com menor número de internamentos, atrás da Itália.

"No último relatório da OCDE, de 2016, Portugal e Itália são os países com menores internamentos por ano em DPOCI. Isto é muito importante porque é um bom indicador da qualidade dos cuidados de saúde, porque os internamentos por asma e DPOC são considerados internamentos evitáveis", explicou.

Por isso, Cristina Bárbara colocou o foco na adopção de "medidas a nível de cuidados de saúde primários, quer de carácter preventivo, como uma vacina para a gripe, quer de carácter terapêutico", para se "conseguir evitar exacerbações das doenças e os internamentos".

É necessário implementar em todos os agrupamentos de centros de saúde do país "uma rede nacional de espirometria", exame que permite detectar a DPOC e que foi realizado a mais de 3.000 pessoas no âmbito de um projecto-piloto realizado no Algarve e no Alentejo.

"Foi detectada alteração, no sentido de obstrução brônquica, em 26%. E a detecção permite que as pessoas deixem de fumar, façam vacinação da gripe e medicação preventiva, permitindo reduzir as idas às urgências e os internamentos, melhorar a qualidade e a esperança de vida", sublinhou.

A mesma fonte destacou ainda a comparticipação que o Estado dá de 80% na aquisição de câmaras expansoras, "uma forma de administração por inaladores que aumenta a eficácia dos fármacos".

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