Depois da chamada de atenção feita esta semana pelo director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria em Lisboa, Daniel Sampaio, de que a “via verde” de acesso à urgência dos serviços de Psiquiatria dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para elementos da GNR e agentes da PSP em risco de suicídio, não estava a funcionar, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) admite, numa esclarecimento enviado ao PÚBLICO, “atrasos na implementação do acordo” assinado entre os ministérios da Saúde e da Administração Interna a 4 de Março.

“Admite-se que tenham ocorrido atrasos na implementação do novo sistema acordado”. O protocolo foi assinado depois de constatado um novo aumento dos suicídios nas forças de segurança, em 2015 – de um para sete na GNR e de seis para oito na PSP.

Numa audição pública sobre o tema, na quarta-feira no Parlamento, Daniel Sampaio, entre os oradores convidados, afirmou: “O protocolo não está a funcionar. Nem pode funcionar porque os directores de serviço [dos hospitais do SNS] não foram envolvidos." E acrescentou que, na qualidade de director de serviço, não tinha sido informado. A secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna Isabel Oneto apresentou, na mesma audição, esse mesmo protocolo como uma das principais respostas ao fenómeno em crescimento e comprometeu-se a transmitir às autoridades da Saúde a situação relatada por Daniel Sampaio.

O PÚBLICO tentou então saber se o protocolo já tinha entrado em funcionamento, junto de uma fonte do Ministério da Saúde. No comunicado enviado, o Director-Geral da Saúde apenas informa que depois de o acordo ser celebrado a 4 de Março, “foram endereçadas cópias” aos presidentes dos conselhos directivos das Administrações Regionais de Saúde “para observação do articulado” e que no site da DGS “estão publicitados os conteúdos do protocolo, bem como o mapeamento anexo ao mesmo que referencia os serviços de urgência em causa e as sedes dos Departamentos de Psiquiatria e Saúde Mental dos hospitais”.