Descansar não é uma hipótese em época de exames

Durante a época de exames do ensino secundário, que se iniciou na segunda-feira, dois alunos do 12.º ano têm relatado no PÚBLICO como são estes dias de provas. Leonor Prisca diz-nos como correu o exame da manhã desta quinta-feira: História A. Foi a sua última prova.

Na madrugada desta terça-feira, numa sala de estudo de uma faculdade onde me infiltrei em busca de silêncio, ar condicionado e talvez um pouco de motivação, senti que ia explodir. Tinha perdido a conta aos cafés e sentia que todo o meu corpo tremia. Não focava as letras e tinha tanto sono. Cada vez que pensava em dormir, lembrava-me de que isso significava quatro ou cinco horas de estudo perdidas. Descansar não é uma hipótese em época de exames, descansar não é uma hipótese quando se avizinha o exame de História A.

Antes de me deitar, ontem à noite (véspera da prova), fui ver se tinha recebido alguma mensagem, pensei que fosse possível que alguém tivesse partilhado com outro alguém informação sobre o exame [desta quinta-feira] e talvez esta me chegasse, ao contrário da outra, que não me chegou.

Queria acreditar que o exame era, mesmo contando com a preparação (boa ou má) dos alunos nas escolas e com a subjetividade do corretor, a avaliação mais homogénea a nível nacional, mas, pelos vistos, estava enganada. Não sei como alguma vez achei que estas fugas de informação não acontecessem. De facto, sem ser tornado público, suponho que todos os anos existam alunos com uma preparação superior aos que estudam e trabalham para atingir bons resultados, simplesmente porque alguém achou que eles, por alguma razão, mereciam essa posição privilegiada.

Não havia, desta vez, quaisquer rumores. E se alguém sabia, desta vez, escolheu calar-se.

Acordei e, depois de ter tomado o pequeno- almoço, fui para a escola. Cá fora só se ouviam burburinhos de [que seria preciso aceder à] segunda fase, tornando-se geral o sentimento de derrota da comunidade estudantil perante a gigante História A. Lá dentro, gente sentada no chão dos corredores com livros abertos na tentativa de decorar mais um nome, um tratado, uma medida económica ou as consequências de uma crise.

Cada vez que pedia mais uma folha a um dos professores que vigiam as salas, correndo-as de uma ponta à outra trinta e nove vezes em cinquenta e sete direções diferentes, sentia que ficavam pasmados. Eu, por outro lado, admirava-me com os que acabavam antes de ter passado uma hora e com os que saíam antes da tolerância. Escrevi treze páginas e só agora, enquanto escrevo, é que me apercebo da ironia deste número. Espero que o meu corretor não seja supersticioso...

Não sei dizer se o exame era fácil ou difícil e, muito sinceramente, não me atrevo a dizer que correu bem ou que foi fácil. O exame simplesmente foi, e eu fui e agora posso dormir.

Para os que hoje [quinta-feira] tiveram exame de Desenho, e encerram, por isso, mais um capítulo escolar, as minhas condolências, porque o que se segue é bem mais difícil. Para os outros que ainda não terminaram, desejo força e sorte. Ah... Quase me esquecia! Estejam atentos ao WhatsApp...     

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