Desatar os culhos

Perdeu alguma coisa? Faça como os espanhóis. Dê três nós num lenço, aperto-o bem apertado e ameace São Cucufato com as seguintes palavras: “San Cucufato, San Cucufato los cojones te ato, sino me devuelves lo que busco no te los desato”.

Onde é que eu aprendi isto? Foi graças ao Padre David Sillince da Igreja de São Bonifácio, em Southampton. Numa daquelas benções que só na Inglaterra podem ocorrer, ele escreveu uma carta ao Spectator em que aconselha “tie three knots in your handkerchief and say ‘Cucufato, Cucufato, I’m tying up your balls; find my (lost object) and I’ll untie them again”. E acrescenta, terminando: “It always works, and he is never resentful”.

Li depois “Say ‘yes’ if you mean ‘yes’”, a homilia que leu no domingo passado, dia 12, em que faz um belo elogio do silêncio, abrindo com uma citação de um chefe mafioso.

Está online. Poder lê-la imediatamente, sem fazer parte da congregação (católica) que tem a sorte de contar com ele, quase que me pôs de joelhos, dando graças pela Internet.

Foi no diário da escritora Susan Hill, publicado no Spectator de 11 de Fevereiro, que se recomendou a invocação de Santo António para encontrar cartões de Multibanco tresmalhados. Falar assim de santos é cómico e encantador. Mas também é convincente.

Atribuir-lhe capacidades concretas é uma antiquíssima obra humana. Se realmente funciona torcer os tomates a São Cucufato, não obstante a morte horrenda que teve, que mal tem cedermos ao interesseirismo e à superstição? Se for pecado, está bem, perdoa-se.

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