Decisão da PGR de adiar inquérito "foi uma decisão gravíssima", diz Sócrates

"Por favor, não atirem areia aos olhos das pessoas", disse José Sócrates em Coimbra.

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PAULO NOVAIS/LUSA

O antigo primeiro-ministro José Sócrates considerou neste sábado que a decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) de adiar a conclusão do inquérito "foi uma decisão gravíssima" e acusou o Ministério Público de criar complexidade para justificar atrasos.

"A decisão da senhora procuradora foi uma decisão gravíssima. Trata-se do quinto adiamento e, desta vez, um adiamento sem prazo. Acho absolutamente inacreditável que o Ministério Público pretenda conduzir os processos penais sem prazo", afirmou José Sócrates aos jornalistas, referindo-se à decisão da PGR de adiar a conclusão do inquérito e emissão de despacho final da Operação Marquês.

O antigo primeiro-ministro sublinhou que aquilo que o Ministério Público provoca é "uma condenação sem julgamento", acusando os responsáveis pelo processo de criarem a complexidade para "justificarem os atrasos e esta campanha de difamação".

"Por favor, não atirem areia aos olhos das pessoas", vincou José Sócrates, que falava à comunicação social após ter discursado na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), no âmbito do Encontro Nacional de Estudantes de Sociologia.

Durante a sua intervenção no encontro, Sócrates considerou ainda que a decisão do anterior Governo liderado por Passos Coelho não ter discutido a resolução do BES no Conselho de Ministros e remeter o assunto para o Banco de Portugal mostra "um misto não apenas de ideológico, mas também alguma coisa que tem a ver com cobardia política".

O antigo primeiro-ministro falava do tema após ter sido questionado por um dos membros da plateia que assistia ao painel "Haverá uma política apartidária?"

"Houve um banco que faliu na minha gestão, mas foi decidido por políticos. Peguei numa 'leizinha' e levei à Assembleia da República", propondo a nacionalização do BPN. José Sócrates disse depois que foi "muito criticado" por nacionalizar o BPN, mas que, enquanto "outros fingiram que não mexeram", o seu Governo não entregou ao Banco de Portugal a resolução.

O também antigo líder socialista sublinhou que a resolução de um banco é "das decisões mais graves, mais importantes". "Era difícil, mas era preciso decidir [por] quem nós escolhemos, o Governo não o Banco de Portugal", concluiu.

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