David Justino diz que a ideia de que toda a despesa em educação é investimento "é uma treta"

Presidente do Conselho Nacional de Educação sublinha que a mais investimento na educação nem sempre correspondem melhores resultados.

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David Justino é desde meados de 2013 presidente do Conselho Nacional de Educação Rui Gaudêncio

O presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), David Justino, afirmou este sábado em Coimbra que a ideia de que toda a despesa em educação é investimento "é uma treta", referindo que os países que mais investem nem sempre obtêm os melhores resultados.

"A ideia de que toda a despesa em educação é investimento é uma treta. Parte dessa despesa é desperdício, é ineficiência", realçou David Justino, que falava na conferência do PSD "A Organização e a Modernização da Educação em Portugal", que decorre durante este sábado em Coimbra.

O presidente do CNE sublinhou que "os países que mais investem na educação nem sempre obtêm os melhores resultados", sendo que nem sempre Portugal obteve melhores resultados quando teve "mais financiamento". Para David Justino, o financiamento tem de estar "ajustado às dinâmicas" do sector, sendo que, se não se olhar para os alunos, professores e encarregados de educação, o financiamento acaba por ser apenas "despesa".

Um dos exemplos referidos durante a sua intervenção na conferência foi a introdução de medidas que permitam "aumentar a qualidade dos professores", o que traduzir-se-ia "em melhores resultados". De acordo com o presidente do CNE, a formação inicial dos docentes "é importante", mas é também necessário "saber recrutá-los e, se necessário, saber dispensá-los".

"Há pessoas que não foram feitas para aquilo e passam lá uma eternidade. Um professor com 30 anos de carreira, se for mau professor, o que é que ele destruiu?", questionou, sublinhando a importância de se ter conhecimento sobre os recursos humanos disponíveis. Segundo David Justino, haverá cerca de 10% a 15% de professores que "nunca" deveriam ter praticado docência, sendo que não se pode dizer que "todos os professores são iguais". 

Também presente na conferência, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, realçou a importância da autonomia das escolas, ao mesmo tempo que recordou as limitações nesses mesmos contratos de autonomia. No entanto, constatou, poucas escolas aproveitaram essa mesma possibilidade de autonomia.

Durante o discurso para uma plateia composta por cerca de uma dezena de jovens, Filinto Lima afirmou que é necessário haver algum tipo de consensos na educação, nomeadamente na avaliação dos alunos e do currículo. "Quando vem um novo Governo ficamos sempre de pé atrás", referiu, considerando que quer a direita quer a esquerda acabam por desfazer medidas de executivos anteriores.

Filinto Lima congratulou-se ainda por os professores terem sido colocados a tempo no início deste ano lectivo, mas alertou para três problemas: a falta de assistentes operacionais, necessidade de incluir mais alunos na acção social escolar e garantir resposta a alunos com necessidades educativas especiais com mais de 18 anos.

A conferência do PSD decorre durante este sábado, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, tendo contado com a presença do líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, na sessão de abertura. 

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