Foi encontrado na manhã desta terça-feira o menino de dois anos que tinha desaparecido ontem de manhã. Estava a menos de dois quilómetros da casa dos avós, o local onde tinha sido visto pela última vez. Estava bem de saúde. Já foi observado no Hospital Santo André, em Leiria. Voltou a casa por volta das16h30. 

A criança esteve desaparecida durante 25 horas. Desapareceu sem deixar rasto do quintal dos avós maternos, na freguesia de Urqueira, Ourém, distrito de Santarém, por volta das 9h de segunda-feira e só foi encontrada por volta das 10h desta terça-feira por uma equipa da GNR, detalhou o major Pedro Pinto Reis, responsável pelas relações públicas da GNR de Santarém.

A criança estava sozinha, "molhada e a chorar". Foi entregue à mãe, Sandrina Silva, para que pudesse ter os "primeiros cuidados básicos de higiene" Teria a fralda encharcada e estaria com fome. Tomou um banho, bebeu um biberão cheio de leite e seguiu, numa ambulância, para o hospital. 

No Hospital de Santo André, a equipa médica já confirmou que o menino não sofria de hipotermia nem tinha sinais de maus tratos. Os médicos, explicou o director do serviço de Pediatria daquele hospital, Bilhota Xavier, citado pelo Jornal de Notícias, também verificaram se existia "alguma anemia ou desidratação". Posto isso, o menino foi sujeito a várias perícias médico-legais. 

Contactado pelo PÚBLICO, o coordenador do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Leiria, António Sintra, garantiu que, apesar de as buscas terem sido suspensas às 20h de segunda-feira, os trabalhos de investigação continuaram pela noite adentro. As buscas foram retomadas às 8h desta terça-feira por elementos da GNR e da PJ. Isto, afirmou, “depois de um trabalho de cruzamento de informações e recolha do máximo de elementos”.

 O momento em que a criança foi encontrada foi registada pelos militares da GNR. Os militares partilharam na sua página de Facebook uma fotografia com o menino ao colo. 

António Sintra reconheceu que a zona de floresta onde a criança foi encontrada não tinha sido ainda alvo das acções de busca, que incluíram o empenhamento de meios cinotécnicos da especialidade de busca e socorro. “Em função dos dados que foram recolhidos durante toda a noite, percebemos que a criança, apesar de ter dois anos, tinha uma capacidade de deslocação acima da média para a idade e por isso esta manhã alargámos o perímetro para além das zonas de proximidade onde nos tínhamos concentrado”, explicou. "Por ser uma criança do meio rural, está habituada a um tipo de deslocação diferente da de uma criança de meio urbano", acrescenta.

As investigações continuam. Neste momento, estão a ser desenvolvidas diligências e perícias médicas para procurar as circunstâncias concretas em que se deu o desaparecimento. É preciso perceber "se teve origem criminosa ou se se trata de um desaparecimento puro, em que a criança se afastou de casa e esteve de facto todo este tempo sozinha", explicou António Sintra. "Tendencionalmente, consideramos que se trata da segunda opção, mas não afastamos, para já, nenhum cenário", conclui.

A Polícia Judiciária esteve ontem a ouvir a mãe e os avós no posto da GNR de Ourém. Os pais do menino estão separados. Sexta-feira, o tribunal decidiu atribuir a responsabilidade parental à mãe. O pai vive e trabalha em França, mas esteve no tribunal na sexta-feira.À hora que a criança despareceu, estaria a trabalhar nos arredores de Paris. Deveria ser ouvido ainda nesta terça-feira. Antes do fim do dia, fez uma curta visita ao menino, acompanhado pela advogada.