Costa diz que colégios privados terão sido iludidos quanto aos contratos de associação

Recebido com protestos, em Santo Tirso, o primeiro-ministro reafirmou que o financiamento do Estado aos colégios privados só se fará "onde a rede pública for insuficiente".

O primeiro-ministro afirmou este sábado que "talvez alguém" tenha iludido os colégios privados "na convicção de que os contratos de associação deixaram de ser excepção para passar a regra", garantindo que estes contratos "terão sempre carácter supletivo".

"Talvez alguém os tenha iludido na convicção de que os contratos de associação deixaram de ser excepção para passar a ser regra, mas não é isso que está nos contratos, não é isso que está na lei, não é isso que está no nosso programa de Governo", disse António Costa aos jornalistas, no final da visita ao Museu Abade Pedrosa e ao Museu Internacional de Escultura Contemporânea, em Santo Tirso, onde foi recebido sob protesto de centenas de pais, professores, alunos e profissionais de colégios privados com cortes no financiamento.

O primeiro-ministro reafirmou que o Governo vai cumprir a lei e cumprir o seu programa, que prevê a valorização da escola pública, estando "para já decidido" a abertura de 273 novas turmas nos 5.º, 7.º e 10.º anos de escolaridade com contrato de associação no próximo ano lectivo.Questionado sobre a possibilidade de reavaliar este número, tendo em conta que recebeu representantes de escolas que sairão da lista de estabelecimentos de ensino financiados em 2016/2017, Costa disse estar disponível para os receber e analisar a situação. "Alguns dos colégios dizem que há erros. Se há, o Governo está disponível para receber as escolas e no caso de [os] haver corrigir", disse.

O primeiro-ministro voltou a afirmar que todos os contratos assinados pelo anterior Governo serão executados até ao fim e que recorrerá aos contratos de associação "havendo carência de rede pública". É a escola pública "que assegura a igualdade de oportunidades a todos e dá a todos a liberdade de, independentemente da sua condição socio-económica e do local de residência, poder ter direito à melhor educação possível. E a ambição que todos temos que ter é que em cada uma das escolas públicas portuguesas tenhamos a melhor oferta educativa que é possível encontrar em Portugal", sustentou.

Costa lembrou que "os contratos de associação não são a única forma de colaboração entre o Estado e ensino particular e cooperativo", adiantando que nada move o Governo contra este ensino nem contra a livre opção dos pais de onde querem educar os seus filhos. "Agora a lei diz de forma clara que [os contratos de associação] só são utilizados quando a rede pública é insuficiente", frisou.

O primeiro-ministro disse também que o Governo já mostrou disponibilidade para fazer outras parcerias com o ensino particular e cooperativo, designadamente para "generalizar o ensino pré-escolar até aos três anos" de idade, para "fomentar o ensino artístico", para a educação de adultos e de crianças com necessidades educativas especiais. 

Costa acrescentou ainda que o Governo já referiu que "há possibilidade" de crianças que estão nos 5.º e 6.º anos de escolaridade em turmas com contrato de associação neste ano lectivo em colégios privados "completarem o ensino básico na mesma escola, mas com 'contrato simples', que apoia em função da capitação (rendimentos) da família".

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