Conselho de Internato Médico prepara proposta para atrair jovens médicos

Ministério da Saúde já mostrou abertura a "incentivos à formação ou lugares de carreira" propostos pelo órgão da Ordem dos Médicos.

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Ordem quer atrair para o interior os médicos ainda em formação ADRIANO MIRANDA

O Conselho Nacional do Internato Médico está convicto de que não se pode esperar que os médicos terminem a especialidade para os atrair para as zonas carenciadas. Propõe que se tente captá-los logo no início da formação pós-graduada, antes que criem raízes.  

O presidente daquele órgão consultivo do Ministério da Saúde e da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), João Paulo Farias, diz que já falaram com a presidente do conselho directivo da ACSS, Marta Temido, e com o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Araújo, e que encontraram “uma abertura grande”. Estão a ultimar a proposta, que deverão entregar no início do próximo ano.

Todos os anos, há um único concurso para a formação médica especializada. “Neste momento, há falta de vagas”, lembra o neurocirurgião. Parece-lhe que, “aproveitando isto”, usando “incentivos à formação ou lugares de carreira” se conseguiria desviar alguns jovens para as zonas onde há carências.

O que o conselho propõe é que se recupere e aperfeiçoe a ideia de vagas preferenciais ou protocoladas. O interno ocuparia uma vaga de um hospital periférico, faria a formação noutro hospital, com capacidade formativa, receberia um subsídio e, no fim, iria trabalhar para o hospital de origem. “Caso não aceitassem a vaga no hospital periférico, teriam de devolver em triplicado ou qualquer coisa assim. Depois também não poderiam concorrer à função pública durante dois ou três anos”, explica. “Outra das coisas que sugerimos é que na maior parte das especialidades, desde que haja um serviço desenvolvido, o final do internato seja feito num hospital periférico.”

A medida complementaria o pacote de incentivos à mobilidade de especialistas já anunciado pelo Governo. “O facto de haver falta de especialistas nos hospitais periféricos faz com que seja cada vez mais difícil formar internos. O facto de conseguirmos fixar alguns médicos durante alguns anos nalgumas especialidades criaria condições para que o internato pudesse ser feito lá, pelo menos parcialmente, o que romperia o ciclo vicioso.”

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