Começou julgamento de jovens que mataram homem em Estarreja e atiraram corpo a um poço

Na primeira sessão do julgamento, apenas o arguido mais velho optou por prestar declarações, negando qualquer envolvimento no crime.

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fernando veludo / nfactos /Arquivo

O Tribunal de Aveiro começou esta terça-feira a julgar dois jovens acusados de matar um homem, de 45 anos, e atirar o corpo para um poço, em Estarreja, depois de se terem desentendido com a vítima, por motivo aparentemente fútil. Os arguidos, de 22 e 23 anos, estão acusados dos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver.

Na primeira sessão do julgamento, apenas o arguido mais velho optou por prestar declarações, negando qualquer envolvimento no crime. "Não tive nada a ver com isso", disse o suspeito, sentado no banco dos réus ao lado do cunhado, que optou por se remeter ao silêncio.

Perante o colectivo de juízes, o arguido admitiu apenas que ele e o cunhado estiveram com a vítima na tarde em que aquela desapareceu, a 17 de Dezembro de 2016.

Segundo o jovem, os três estiveram juntos em dois cafés de Veiros, em Estarreja, e depois foram para casa da vítima, na mesma localidade.

"Estivemos na garagem dele a beber vinho e cerveja, mas depois eles queriam voltar ao café e eu não, por isso fui para casa a pé. Ficaram lá os dois e a partir daí não sei o que aconteceu", relatou o arguido.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os jovens desentenderam-se com o homem, sem qualquer motivo, e agrediram-no com a coronha de uma espingarda caçadeira. A vítima terá sido depois levada numa carroça para um pinhal situado nas imediações das habitações dos arguidos.

Neste local, a vítima foi novamente agredida com a caçadeira e foi golpeada três vezes com duas facas de cozinha, tendo sido atirada ainda com vida para um poço, onde acabou por morrer afogada.

O MP diz que os arguidos agiram com "especial perversidade e censurabilidade", considerando que não houve qualquer motivo para o homicídio senão "o prazer de matar e de causar sofrimento a outro ser humano".

A acusação refere ainda que a forma como os arguidos agrediram a vítima revela "baixeza de carácter e total ausência de valores morais, bem como um completo desprezo pelo valor supremo da vida humana".

Os dois jovens foram detidos pela Polícia Judiciária de Aveiro cinco dias após o crime, encontrando-se desde então em prisão preventiva.

As autoridades apreenderam as armas brancas utilizadas, bem como a caçadeira, sendo que esta arma foi recuperada do interior de um outro poço com a colaboração de uma equipa de mergulhadores da GNR. 

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