Portugal registou em 2015 um aumento do número de casamentos, pela primeira vez em 24 anos. Se isso traduz um retorno a valores mais conservadores entre as gerações mais novas ou simplesmente um aliviar da asfixia imposta pela crise, é algo que os sociólogos ainda não arriscam antecipar. Mas os números divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na publicação Portugal 2015, não deixam margem para dúvidas: em 2015 houve mais 2,9% casamentos do que em 2014 (32.043 contra 31.170).

E este aumento foi acompanhado por uma ligeira subida dos casamentos católicos, face ao total de casamentos celebrados em cada ano: mais 344 casamentos. Não é muito, mas desde 1999 que os casamentos católicos vinham diminuindo. No ano em referência, 2015, a idade média ao casamento foi de 31 e de 32,5 anos para mulheres e homens, respectivamente, o que traduz um aumento médio de 5,4 anos, comparando com a primeira metade da década anterior.

Mais expressivo é o aumento dos nascimentos fora do casamento. Em 2015, mais de metade dos bebés (50,7%) nasceram de pais não casados. Se recuarmos 15 anos, a percentagem de bebés nascidos fora do casamento era apenas de 22,2%, segundo a publicação do INE que sintetiza os principais traços da evolução demográfica, económica e social do país, entre 1990 e 2015.

Sem surpresas, os números confirmam que a diminuição da emigração registada em 2015 teve um “efeito amortecedor” no decréscimo populacional, iniciado em 2010. Em 2015, a taxa de crescimento efectivo foi de -0,32%, abaixo da média de -0,53% entre 2012 e 2014. Dito de outro modo, Portugal continuou a exportar mão-de-obra em 2015 (aliás, o saldo migratório regista valores negativos desde há cinco anos consecutivos), mas a diferença entre quem sai e quem entra diminuiu naquele ano para os -0,10%, contra os -0,28% do ano anterior.

Tudo somado, Portugal somava em 2015 uma população estimada de 10.341.330 indivíduos. São menos 232.149 pessoas do que em 2009.

Como se esperava, apesar do ligeiro aumento da natalidade verificado nos últimos dois anos, o peso da população mais idosa continua a aumentar. Em 2015, havia 146,5 pessoas com 65 e mais anos, por cada 100 com menos de 15 anos.