Cartas ao director de 27/03/2017

O PÚBLICO e o Correio da Manhã

Depois de ler o PÚBLICO, gosto, de vez em quando, de ler o Correio da Manhã (principalmente ao domingo, tem uma boa revista). Caracterizando o CM, é certo que prima pelo sensacionalismo, pela notícia de "faca e alguidar" e pelos crimes sexuais em que deparamos, a cada passo, com as mais sórdidas misérias deste mundo louco. Por isso, não se pode comparar ao PÚBLICO.

Contudo, no passado dia 18 de Março, o senhor Alexandre Ganhão, um dos jornalistas do CM, num  texto que escreveu intitulado, A democracia paga pouco, afirmou que os deputados ganham pouco... Eu acho que ganham o suficiente - e as chorudas ajudas de custo ou subsídios que auferem? - relativamente ao nível de vida e aos salários que se pagam em Portugal.

Direi mais: metade, ou cerca de metade dos deputados não merecem o que ganham. Eles estão como deputados e são deputados porque ganham mais que nas suas profissões de origem antes de se terem aboletado na Assembleia da República (sei do que falo). E muitos deles tornam-se profissionais da política. Nunca tiveram profissão. Tiveram, sim, muitos deles, cunhas para os colocarem nas listas para a Assembleia da República! Não sabem fazer mais nada. Nem querem. Habituaram-se ao "bem bom"... E vem Miguel Alexandre Ganhão, demagogicamente, dizer que “a democracia paga pouco!... Só no CM…

António Cândido Miguéis, Vila Real

 

Os leitores, escritores de jornais

É difícil escrever sobre um dos meus hobbies. Mas fá-lo-ei a propósito do 4.º Encontro Nacional que se realiza esta semana em Lisboa. É de reconhecer e agradecer o notável trabalho de Céu Mota, que só conheço virtualmente. Foi ela que descobriu esta realidade, de existirem cidadãos preocupados com o seu país e até com o mundo, e escreverem para os directores de jornais pedindo a publicação dos seus alertas e desabafos.

Sempre existiram as "Cartas ao Director”. Certamente pela qualidade dos seus autores e/ou dos temas da actualidade, será fácil observar que os escritores não ultrapassam umas dezenas, num país com dez milhões de pessoas. Estes são gritos de alma, queixas e sugestões de como melhorar a vida dos nossos concidadãos. Muitas vezes serão directos e agrestes, e os poderes não gostam. E os jornais que os recebem terão medo de acções em tribunal, ou simplesmente de ficarem "mal na foto", com patrocinadores ou accionistas.

Será eventualmente por isso que tem vindo a diminuir o espaço dos maiores diários/semanários a este espaço, e nalguns a pura e draconiana extinção do espaço. Estes alertas e contribuições poderão ser também veiculados nos blogues e redes sociais, mas ainda irá levar algum tempo a estas redes poderem ser elegíveis para debates sérios e mais profundos.

Nelas o anonimato prolífera, os insultos e a ordinarice campeiam, e não me parece que sejam acolhedoras de reflexões. Peço aos directores de jornais e semanários que nos continuem a dar espaço e oportunidade.

Manuel Martins, Cascais

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