Carícias devem ser incorporadas no tratamento dos doentes

"Temos de romper barreiras para que o contacto táctil faça parte das armas dos profissionais de saúde", defendeu neurofisiologista de Barcelona

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Paulo Pimenta

As carícias no tratamento de doentes podem melhorar o seu conforto, ao estimularem zonas cerebrais específicas que proporcionam bem-estar, defendeu esta quinta-feira o chefe do serviço de Neurofisiologia do Hospital de Bellvitge, em Barcelona.

Em declarações à agência noticiosa Efe, Jordi Montero afirmou: "Temos de romper barreiras para que o contacto táctil faça parte das armas dos profissionais de saúde". Para assinalar a sua jubilação, depois de uma longa carreira naquela unidade de saúde, Montero fez uma conferência intitulada "Neurofisiologia da carícia", durante a qual defendeu a importância das carícias na aprendizagem humana e nas relações sociais.

A neurociência demonstra que as carícias activam receptores específicos na pele que transportam esta sensação directamente às áreas cerebrais que regulam as emoções de maneira singular, sublinhou. São zonas que não podem ser activadas de outra forma.

O clínico recordou também que a carícia faz parte do comportamento animal, sobretudo entre os mamíferos, que acariciam permanentemente a sua cria quando nasce. Neste sentido, destacou a necessidade de os familiares acarinharem as crianças e avisou que um bebé que durante o primeiro ano de vida não receba suficiente contacto humano pode apresentar carências durante o seu desenvolvimento.

Montero insistiu que as carícias e o contacto, seja com familiares seja com doentes, deve ocorrer sempre com respeito e educação. Para o médico, a cultura é a fonte das reservas que impedem as pessoas de se tocarem mais, já que em muitas ocasiões não se sabe como tocar no outro de maneira adequada. Por isso, advogou um trabalho de pedagogia e o fomento destes contactos suaves, em todos os âmbitos da vida, desde a família ao trabalho, passando pelas amizades.

"As carícias e o contacto devem estar presentes em todos os âmbitos, mas talvez no hospitalar seja onde é mais necessário", considerou. E deu como exemplo o fomento das carícias dos profissionais de saúde aos doentes graves e terminais, para lhes dar conforto e apoio emocional.

 

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