Novos preços de transporte de doentes preocupam bombeiros

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Foto: Paulo Ricca

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) critica a alteração às regras do transporte de doentes não urgentes, acusando o Ministério da Saúde de pôr em causa a viabilidade financeira das corporações.

“Considerando que os bombeiros se dotaram, ao longo de duas décadas, de ambulâncias e meios humanos para responder às solicitações que o Ministério da Saúde lhes foi colocando, é inaceitável que de repente o ministério altere totalmente as regras do jogo, pondo em causa a estabilidade económica e financeira das associações”, disse à agência Lusa o presidente da LBP, Duarte Caldeira.

O responsável criticou as alterações que contemplam o não pagamento “do retorno do doente transportado à unidade hospitalar” e o “mecanismo de pagamento do preço de quilómetro” dentro das localidades, sem qualquer diferenciação sobre o território em que actuam as corporações.

“O Ministério da Saúde parece estar a brincar com coisas sérias. Se o Ministério da Saúde enviar uma pessoa por transporte público, paga mais do que aquilo que pretende pagar aos bombeiros”, disse.

Postos de trabalho e património em risco

Duarte Caldeira adiantou que estão em risco muitos postos de trabalho e até a venda de património por parte das corporações.

“Na sequência desta situação, o risco é eliminar postos de trabalho. E se as ambulâncias não têm serviços, é natural que se equacione a sua venda para minimizar os efeitos”, disse.

As corporações de bombeiros de Agualva-Cacém e de Algueirão-Mem Martins, as maiores do concelho de Sintra, admitem avançar com despedimentos de bombeiros devido à redução da comparticipação do Estado no transporte de doentes não urgentes.

O Ministério da Saúde e a Liga dos Bombeiros Portugueses acordaram a 23 de Novembro a criação de um grupo de trabalho para identificar, até ao final do ano, a situação dos bombeiros e propor medidas para minimizar os efeitos da redução do transporte de doentes, mas, segundo Duarte Caldeira, ainda não foi agendada qualquer reunião.

“Estamos a aguardar que o Ministério da Saúde convoque o grupo de trabalho para avaliar toda esta situação, e o que é verdade é que o grupo de trabalho foi acordado há um mês e não reuniu uma única vez”, sustentou.

A agência Lusa solicitou esclarecimentos ao Ministério da Saúde, não tendo obtido resposta.

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