Autópsia revela que agressões e queda não provocaram morte de universitário no Porto

Médico legista pediu exames complementares para detectar eventual presença de álcool e drogas no organismo. Um deles é também habitualmente pedido para despistar a existência de alguma malformação congénita.

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NFACTOS/Fernando Veludo

A investigação à morte do jovem universitário Joel Rafael, que ocorreu no Porto na passada sexta-feira, poderá vir a registar um novo volte-face. Nas primeiras horas após a morte, as autoridades diziam estar em causa um homicídio, mais tarde os investigadores afastavam essa tese e concluíam que a morte teria sido, afinal, acidental. Mas agora os resultados preliminares da autópsia, realizada sábado, permitiram concluir que nem as lesões provocadas pela queda nem as decorrentes de agressões terão sido a causa da morte do jovem.

O primeiro resultado da autópsia não permitiu ainda determinar qual foi a causa da morte do universitário, de 20 anos, de acordo com fontes policiais. Aguardam-se, por isso, os resultados de exames complementares.

O Instituto Nacional de Medicinal Legal (INML) confirmou ao PÚBLICO que após a autópsia, realizada na manhã de sábado, o médico legista decidiu requerer exames complementares de histologia, química e toxicologia. Os últimos exames, sublinhou o INML, são habitualmente pedidos para detectar a presença de álcool e de drogas no organismo. O primeiro, porém, que implica a análise microscópica de tecidos de vários órgãos, é habitualmente necessário em casos em que os especialistas ponderam a hipótese de uma eventual malformação congénita ter estado na origem da morte. Esse tipo de exames costuma demorar um período máximo de dois meses até estar concluído.

Antes da autópsia, a própria PJ já tinha admitido a possibilidade de a morte do estudante estar relacionada com uma doença súbita. A tese surgiu após a análise das imagens de videovigilância do parque de estacionamento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, registadas naquela madrugada. A gravação, que registou as agressões entre o grupo em que estava o jovem e um outro grupo de universitários, mostram o rapaz a cair desamparado sem tentar virar-se ou apoiar-se. A queda ocorreu depois de uma sua amiga ter decidido afastá-lo do outro grupo, tentando terminar com as agressões, que em relação à vítima duraram apenas alguns segundos.

Na madrugada de sexta-feira, depois de sair de uma festa académica, o jovem ter-se-á envolvido num desacato com outros universitários, junto ao parque de estacionamento daquela faculdade. Faltavam poucos minutos para as 5h e o seu grupo de amigos saía de uma festa universitária – uma noite temática de drum'n' bass, que tinha decorrido num edifício da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia –, quando se cruzou com um grupo de universitários que também tinham estado na festa. Elementos de ambos os grupos estariam alcoolizados. Trocaram palavras, desentenderam-se e as agressões precipitaram-se. Os motivos que inicialmente levaram à discussão são, para já, desconhecidos.

Esta quarta-feira, a família do estudante anunciou que vai intentar um processo-crime contra terceiros, segundo adiantou a advogada da família à agência Lusa. "Existem motivos para que, na realidade, haja processo-crime em vários parâmetros", disse a jurista.

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