Associação denuncia condições precárias em que trabalham os assistentes sociais

Dia Mundial do Serviço Social assinala-se na próxima terça-feira.

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Nuno Ferreira Santos/Arquivo

 A presidente da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) alertou neste domingo para a situação de muitos assistentes sociais que trabalham em condições precárias, são mal pagos e, por vezes, incompreendidos, por utentes e pelas instituições que os enquadram.

O alerta de Joaquina Madeira surge nas vésperas da comemoração do Dia Mundial do Serviço Social, que se assinala a 15 de Março, uma data que considera “importante para homenagear uma profissão que está na primeira linha da ajuda às pessoas”, em situação de pobreza e exclusão social.

Em declarações à Lusa, a presidente da APSS afirmou que “há muitos profissionais do serviço social que estão a trabalhar em condições precárias, sem verem garantidos os seus direitos”.

“Uma pessoa que se sente maltratada ou não se sente dignificada no seu trabalho” corre o risco de não conseguir exercer bem a sua profissão”, advertiu a responsável, sublinhando que este é um factor que é preciso ter em conta, quando se pede tudo a estes profissionais.

Segundo Joaquina Madeira, a função destes profissionais nem sempre é compreendida: o assistente social “estará sempre ao lado” das pessoas que estão a ser atingidas por problemas de pobreza, exclusão social, de maus-tratos e, “às vezes, isso pode ser mal interpretado nas próprias instituições de enquadramento”.

“O assistente social tem de exercer a sua missão com liberdade e com responsabilidade e, às vezes, ele próprio sofre pressões da parte das organizações em que está enquadrado”, sustentou a responsável.

Para Joaquina Madeira, “a maior problemática” que o assistente social terá de enfrentar “é a sua impotência, a limitada capacidade de poder ajudar as pessoas”.

Sobre o trabalho destes profissionais no terreno, a responsável disse que é “exigente, desgastante, mas muito importante”, porque estão no primeiro nível da ajuda às pessoas. “Como o assistente social é o primeiro agente que está junto das pessoas, quando algo não corre bem – e não podemos garantir nunca que tudo corre bem – é sempre o primeiro responsável”, lamentou.

Ressalvando que “não se pode errar com pessoas”, a responsável disse que os assistentes sociais “são pessoas e podem errar, mas a maior parte das vezes o erro não é só dele”.

Eles não podem intervir sozinhos no acompanhamento e no apoio às pessoas, “têm de agir num contexto mais alargado, tanto profissional, como institucional”, frisou.

Em Portugal existem cerca de 15.000 assistentes sociais, sendo que a maioria trabalha na administração pública (saúde, justiça, segurança social, educação), nas Instituições Particulares de Solidariedade Social e Misericórdias

Segundo Joaquina Madeira, é uma profissão que tem vindo a crescer em termos de números e de áreas de intervenção. “Infelizmente, enquanto houver problemas sociais, existirão assistentes sociais, mas também é importante que existam, numa perspectiva de prevenção, de trabalho comunitário e de educação para comportamentos sociais correctos”, defendeu.

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