Associação de medicina do sono aconselha a antecipar lentamente mudança de hora

Mudança para o horário de Verão acontece na madrugada de domingo. Ponteiros do relógio avançam uma hora.

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Rui Gaudêncio

O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono aconselha as pessoas a anteciparem lentamente a mudança da hora, deitando-se um pouco mais cedo, para minimizar “os prejuízos” que esta alteração causa no organismo.

Nas vésperas da mudança para o horário de Verão, Miguel Meira e Cruz alerta que “desafiar o tempo interno é um risco real para a saúde” e aponta algumas formas de o minimizar.

Na madrugada de 26 de Março de 2017 (domingo), a hora legal muda do regime de Inverno para o regime de Verão. Em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, à 1h hora da manhã adiantamos o relógio de 60 minutos, passando para as 2h horas da manhã. Na Região Autónoma dos Açores a mudança será feita à meia-noite de domingo, passando para a 1h hora da manhã, do mesmo dia.

“Apesar da solução para os problemas decorrentes da mudança da hora estar unicamente na abolição desta medida, é possível minimizar alguns dos efeitos assumindo alguns cuidados”, defende Miguel Meira e Cruz, num comunicado enviado à agência Lusa.

Neste contexto, “é importante”, no que respeita ao sono, que as pessoas se deitem “um pouco mais cedo nos dias que antecedem o adiantar dos ponteiros” uma hora, salienta o especialista em medicina do sono.

Por outro lado, adverte, “adiantar os ponteiros significa para algumas pessoas com cronotipo matutino, deitar-se ainda com sol, o que pode dificultar o adormecer e afectar a continuidade do sono”.

“É importante que, nestas circunstâncias, o quarto seja mantido escuro e com temperaturas adequadas (nem muito frio, nem muito calor) para que o sono se processe da melhor forma”, aconselha.

Os que praticam exercício físico em horas tardias também devem tentar antecipar o horário do exercício, bem como a sua intensidade.

Segundo o investigador do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, “não existe prova convincente” de que ganhar “uma hora extra de sol” represente “poupanças efectivas”.

“Existe sim, sem sombra de dúvida, um prejuízo tremendo, que pode ser maior ou menor dependendo do cronotipo e da robustez do relógio de cada um”, salienta.

Miguel Meira e Cruz refere ainda que existem várias razões para se considerar totalmente inoportuna a mudança que ocorre duas vezes por ano. Apesar de ser sobre o sono que estas alterações horárias parecem ter mais efeitos, cada um dos órgãos sofre “um desajuste que demora bem mais tempo a recuperar do que o desacerto do ciclo vigília-sono”.

“Sabemos por exemplo que existe uma interacção dinâmica entre o relógio circadiano interno e a divisão celular e que esta interacção influencia por exemplo o desenvolvimento de certas doenças, nomeadamente tumorais. É efectivamente real o risco e o efeito pode não ser visível a curto prazo, mas existe”, salienta.

Também vários trabalhos epidemiológicos têm sugerido repetidamente que a mudança horária aumenta o risco cardiovascular, de acidentes e a ocorrência de maior instabilidade emocional, sobretudo em pessoas vulneráveis.

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