A Lisboa da Time Out

No princípio queria que a Time Out Lisboa fosse boa. Bem que tentei fazer uma revista semanal sobre a minha cidade — mas nunca consegui. Ainda me lembro das objecções, uma a uma. Não vou aqui repeti-las, porque a Time Out refutou-as todas, de semana em semana, de glória em glória, de atenção em atenção, de amor em amor.

Depressa a Time Out deixou de ser a revista que eu lia para relembrar as coisas bonitas de Lisboa, que eu tinha (como todos os lisboetas) a mania de conhecer, para passar a ser a revista que me dava a conhecer tudo o que eu não sabia sobre Lisboa, mas — lá está — precisava de saber.

Dantes reconhecia a cidade amada na Time Out. Agora — elogio dos elogios — orgulho-me de pertencer à cidade que a Time Out descreve no sentido mais compreensível e wittgensteiniano do verbo descrever. A Time Out passou a fazer acontecer coisas em Lisboa. Não foi só confundir-se com Lisboa — coisa já de si tão difícil — que conseguiu. Passou a fazer parte dela.

Agora, quando penso em beber um capilé, um café ou uma ginjinha nos sítios que todos nós cá sabemos e que, caso nos faltem as moradas, constam na revista com a regularidade que se requer, já não imagino dar um golinho sem estar a folhear a última Time Out ao mesmo tempo. A ler, por exemplo, Luís Leal Miranda sobre as Avenidas Novas ou Mauro Gonçalves e Renata Lima Lobo sobre lojas velhas, mas boas.

Sim, a Time Out tornou-se uma das experiências características e imperdíveis de Lisboa. É obra. Parabéns e obrigados!

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