A melhor desculpa do mundo para não fazer nada é a falta de equipamento. É tudo uma questão de arranjar o equipamento de maneira a nunca se estar devidamente equipado - e logo indisponível para as actividades associadas àquela tralha.

Posso andar meses a encomendar material mas chega sempre o dia em que já tenho tudo de que preciso para começar e dou comigo a blasfemar: “Raios me partam que já não estou a ver maneira de justificar a minha imobilidade”.

Felizmente o alívio do equipamento deixa-se prolongar. Pode-se começar mal, falhando de propósito para se poder atirar os apetrechos para a estrada e exclamar: “recuso-me a dar mais um passo sem equipamento profissional! Olhem para o caso de ´inserir atleta famoso da modalidade`; alguma vez se viu o moço chegar à meta final sem estar equipado da moleirinha até aos pés?”

Nem se pense que o material desculpador só existe nos domínios físicos. Os metafísicos também requerem equipamentos especiais, como um bocadinho de calma, ar fresco e, no mínimo, trezentos e tal livros para saber a que estado chegaram, entretanto, as coisas.

Mais facilmente nos tornamos peritos no equipamento do que campeões de alguma especialidade. A frustração de não ganhar não só amarga como custa. A acção é sempre o risco de quem inicia uma actividade. Mais vale nem sequer tentar.

Chorar a falta de equipamento não é fácil: exige conhecimentos abstrusos e enorme flexibilidade mental. Mas com um pouco de estudo e muita má vontade chega-se lá. Depois é só actualizarmo-nos.