A culpa calada

A valentia tem de ser reconhecida e admirada.

É preciso aprender a não ser bem-vindo. Mas há uma maneira de se ser sempre bem-vindo: como ouvinte, leitor, estudante ou espectador. A melhor maneira de aprender a calar a boca é ensinar os nossos ouvidos a ouvir.

No PÚBLICO de sábado a Joana Gorjão Henriques escreveu sobre a Plataforma Femafro e o 1.º Encontro de Feministas Negras no Espaço Mob em Lisboa. A Plataforma Fermafro "é uma organização de mulheres negras, africanas e afrodescendentes em Portugal formada em Fevereiro".

O excelente audioblogue RádioAfroLis (radioafrolis.com) dá-nos uma entrevista esclarecedora com duas coordenadoras da organização: Raquel Rodrigues e Dary Carvalho. Foi publicada no dia 28 de Abril com o título Áudio 107.

A descrição do audioblogue é, só por si, inteligente, inclusiva e generosa: "é um espaço de expressão cultural feito por afrodescendentes a viver em Lisboa. Artistas, menos artistas, pessoas comuns e menos comuns falam sobre negritude, racismo e identidade, revelando facetas da consciência negra emergente em Portugal".

Na entrevista a Raquel e a Dary dizem que "a mulher negra enfrenta não só o machismo (...) como o racismo. É nesta visão de ser o outro do outro do outro que a mulher negra é subalternizada".

A valentia tem de ser reconhecida e admirada. Estamos aqui para ver se conseguimos aprender com elas.

Viva a Plataforma Femafro! O meu respeito e o meu silêncio são a mesma coisa. Nada tenho a dizer ou a acrescentar. Sou todo ouvidos.

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