A bondade exemplar

Os cães e os gatos da rua dão alegria, inspiração, beleza e verdade às nossas paisagens e vidas fechadas.

É tão raro ler notícias boas que me habituei a lê-las segunda vez para ver onde está o desmentido. O título da peça escrita por Márcio Berenguer no PÚBLICO.PT de anteontem era “Madeira proíbe abate de animais de companhia e abandonados”.

Os cães e gatos de rua que forem recolhidos serão esterilizados, implantados com um chip de identificação e enviados para um centro de adopção onde ficarão apenas 60 dias. A parte bonita vem a seguir. Cito: “Findo esse prazo ou regressam aos canis ou gatis municipais ou são devolvidos à liberdade no mesmo local onde foram recolhidos”.

À liberdade. No mesmo local onde foram recolhidos. Por muito que seja o nervosismo dos pobres bichos e por muito que estranhem os vizinhos e sejam estranhados por eles( notoriamente esquecidos e desconfiados depois de 60 dias seguidos de ausência) voltar em liberdade ao lugar do crime, apesar de ser a vítima, é melhor (a comparação diz tudo sobre a maneira como tratamos os animais) do que se ser assassinado só por não haver nenhum ser humano que nos queira adoptar.

Os cães e os gatos da rua, tal como todos os animais do ar, da terra e do mar, dão alegria, inspiração, beleza e verdade às nossas paisagens e vidas fechadas.

A ideia foi de Sílvia Vasconcelos e de Ricardo Lume: os dois deputados do PCP. Foi aprovada por unanimidade. A sério: aprendamos enquanto ainda há tempo, em todos os sentidos.

A Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira ensina-nos a viver.

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